(Mt 28,8-15)
A retórica cristã sobre a liberdade, a justiça e o direito do ser humano é muito impressionante. Mas a prática diária dessa teoria ainda está longe, mas muito distante da realidade, de modo especial quando se trata da prática dentro da vivência eclesial. A Igreja institucional parece mais como espaço de exclusão que inclusão. A base eclesial se torna, com isso, mais ideológica do que teológica. A discriminação de gênero, a negação do direito e a prática de injustiça contra mulher acontecem mais na Igreja do que fora dela.
A história nos mostra que na tradição pré-cristã, as mulheres são tratadas como gênero de segunda classe tanto na vida familiar, na religião quanto na política e na sociedade como um todo. Essa mentalidade excludente e discriminatória, todavia, se evoluindo com o passar do tempo, principalmente no espaço sociocultural onde as pessoas têm mais equilíbrio e maturidade tanto intelectual quanto moral e espiritual. A instrução saudável e equilibrada cria a mentalidade humana mais saudável, mais justa, mais madura humanamente e espiritual e religiosamente mais digna e mais santa.
Deus criou e colocou no mundo o homem e a mulher em condição de igualdade, de fato e de direito. Porém, essa realidade foi manipulada e rompida com as práticas política e religiosa de exclusão e discriminação pelas instituições sociais e familiares tanto quanto políticas e religiosas ao longo da história. A história nos mostra que antes do cristianismo, essa mentalidade primitiva de discriminação e exclusão contra mulher sempre foi desafiada, questionada e condenada, não tanto com as palavras, mas com atitudes e gestos concretos. E a Bíblia é o testemunho ocular disso. Assim, fica claro que qualquer instituição, por melhor que pareça, quanto cria alguma ideologia injusta e pratica a exclusão, a discriminação, a injustiça, a negação do direito e a privação da liberdade contra o ser humano-imagem e semelhança de Deus, essa instituição é maléfica, é insana, doentia, portanto, não é de Deus.
Essa realidade desafia, não só a instituição sociopolítica, mas principalmente religiosa e de modo particular, o desafio monumental para a instituição eclesial atual. A exclusão da mulher na Igreja (a proibição da mulher em relação do ofício ministerial eclesial) não tem mínimo fundamento bíblico nem teológico. É pura ideologia masculina de caráter clerical. Segundo os evangelistas, Jesus já aboliu essa mentalidade primitiva, contudo, essa cultura injusta ainda é mantida vivamente, até hoje, dentro da Igreja. Qual o motivo dessa prática, ninguém sabe explicar direito, e a questão está continuamente aberta para a reflexão e debates.
Quem tem consciência moral cultural e religiosa bem madura e saudável se sente tocado pela mensagem evangélica, principalmente neste tempo da Páscoa. Jesus lutou até à morte, e a morte na cruz para defender a causa dos excluídos, injustiçados e discriminados. E essa morte profética denuncia essa prática e anuncia a mudança radical da mentalidade. É urgente infundir no coração do homem a sanidade mental cultural e moral social e religiosa como garantia da sanidade física da humanidade.
Os evangelistas nos mostram que as mulheres têm seu papel decisivo na vida ministerial de Jesus de Nazaré e na vida das comunidades nascentes. Essa é a verdadeira Boa Nova. Se a Igreja faz a retórica do direito e da justiça sem acompanhado com a prática, ela mesma está dando descrédito da sua própria palavra. E se o anúncio eclesial sem nenhum crédito real, como consequência disso, a sua missão será desvalorizada, principalmente nesse mundo que estamos vivendo, onde as pessoas se tornam cada vez mais instruídas, mais críticas, mais maduras mais sensíveis em relação à justiça social, ao direito e dignidade de cada pessoa, à liberdade responsabilidade individual, etc.
Que o mistério pascal de Cristo transforma os corações dos cristãos de modo particular, e os da humanidade como um todo de pedra em carne. Que a Igreja cristã se sente tocada e chamada para a mudança radical de sua prática de vida, cada dia mais justa, mais digna e mais humana.
Feliz Páscoa a todos e todas!!!
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Lukas Betekeneng
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