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lar familiar como “jardim” de delícia da vida, a escola do amor afetivo-efetivo está se esvaziando a cada dia e com maior rapidez, juntamente com os templos, as sinagogas, as igrejas e mesquitas, que não são outra coisa senão os espaços humanos e teológicos do encontro sacramental de vida da humanidade sociocultural com a Divindade trinitária e espiritual. Para onde foram as pessoas? Umas delas se encontram isoladas nas praias, outras vagando nas montanhas perambulando pelas matas adentro, e ainda outras, sentadas nos bares tomando cervejas e mais outras se disfarçando assistir filmes nos cinemas. Mas por que estão se isolando e fechando, se afastando mutuamente e cada um por seu canto, disfarçando de todo o jeito? Onde está a maioria delas? Para onde foram? Onde podemos encontrá-las? Por que, para que e como foram até lá? Assim, são as perguntas e mais perguntas ecoadas no ar, umas atrás das outras e quase nada de respostas satisfatórias. Alguma coisa, contudo, está certa: essas pessoas estão, simplesmente, querendo se distanciar de uma realidade insânia e muito incômoda para refrescar a cabeça e abaixar o ânimo, pois o “clima” da convivência não está muito amigável, está quente demais, está fervendo a ponto de se explodir.
Em todos os lugares em cima mencionados onde algumas pessoas se encontram, porém, ainda não são comparáveis com outros dois lugares, espalhados pelo mundo afora, e que estão super lotados de homens e mulheres, desde as criancinhas até os velhinhos, são eles: os hospitais e penitenciárias. Nessas duas megas “oficinas” humanas que se encontra com as pessoas tentando buscar ou, obrigadas a buscar os concertos necessários de suas vidas. Elas são vítimas de diversos tipos de crimes, como por exemplo: ato de insalubridade mental, de analfabetismo moral, de cegueira ética política, religiosa e familar, de imprudência, intolerância, incompreensão e rixas, etc. Anota-se que, por incrível que pareça, dentre desses dois lugares há uma pequena padaria, três salões de academia para o restabelecimento da forma física, e sete drogarias e farmácias, de maior e menor porte, respectivamente. Aliás, esses quatro últimos itens estão disputando com unhas e dentes o espaço em cada esquina, tanto nas grandes capitais quanto nas pequenas cidades e nos meios rurais.
O mundo está se transformando, a cada dia, em mega hospital para poder acomodar todos os feridos físicos e psicológicos tanto quanto morais e espirituais, e, em mega penitenciária para abrigar os violadores das ordens: política, social, econômica, cultural/religiosa e afetiva/familiar. Está pairando sobre o mundo um cheiro forte de ar do desespero. É isso mesmo, o ar do desespero. É o desespero que leva as pessoas a ficaram doentes, a perder do controle emocional, do raciocínio, da tolerância, do equilíbrio, da compreensão, do bom-senso, da gentileza, da humildade, da solidariedade e espalharam os crimes contra as vidas, da própria, dos outros e dos demais.
O desespero é uma força maligna em potencial capaz de deturpar a esperança, deprimir a confiança, falsificar a autoestima, amedrontar a coragem de perseverança, fragilizar a vontade de aprender a conviver e correlacionar com o diferente. O outro diferente não mais visto, tratado e crido como alguém que me completa, que me proporciona a felicidade, que me soma as forças para meu caminhar, que me indica a direção certa a seguir, que me auxilia nas minhas dificuldades e me consola nos meus dias de dores... . Mas por que de tanto desespero?
A força do desespero, se não for superada, é capaz de arrastar toda a humanidade à cova da morte. Se a animalidade do ser humano não for adestrada adequadamente e dominada, ser transformada em potência de salvação, é capaz de destruir a vida neste planeta Terra. Se a política e a religião não são praticadas de maneira justa, humanizante, saudável e libertadora para garantir a voz e a vez de cada indivíduo, os direitos iguais de todos e liberdade de cada cidadão, perderão sua qualidade funcional como instituição criadora e/ou provedora, defensora, salvadora e/ou protetora, geradora, coordenadora, condutora e animadora da convivência solidária de toda a humanidade. Tanto a política quanto a religião deveriam exercer o seu papel de modo mais justo, coerente, saudável, e para isso, deve se modificar adaptando-se constantemente os seus paradigmas com os contextos atuais. Modificar suas mentalidades cada vez mais humana, justa e solidária.
Perante a realidade em que estamos vivendo: a globalização excludente da economia, o espírito de consumismo desenfreado, o individualismo egocêntrico, de um lado e de outro, o coletivismo paternalista e infantilista, o neo-imperialismo político e cultural/religioso opressivos, o cristianismo é interpelado constantemente a buscar nas suas fontes as possíveis possibilidades de saídas. E uma delas é, sem dúvida, o projeto de vida e ação de Jesus de Nazaré, o Cristo-Irmão misericordioso: a fraternidade crística! Esse desejo crístico do Divino-Criador na vida e ação de Jesus Cristo não só continua sendo atual, mas também é eficaz para ser implantada nas nossas vidas hoje, no aqui e agora, pois é uma atração salvífica por isso é capaz de transformação, da morte em vida.
Por: Lukas Betekeneng
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