sábado, 21 de maio de 2011

ESPIRITUALIDADE: A ESPERANÇA, FÉ E CARIDADE CRISTÃ CENTRADAS NA PESSOA

(Jo 14,1-31)
Observação preliminar
Primeiramente quero lembrar a todos que, não tem como entender a mensagem do NT de modo correto e profundo sem ter antes alguma noção básica da estrutura do AT: o mínimo de conhecimento sobre o contexto da época, linguagem cultural, forma de pensar, de falar e agir, a maneira de compreender a realidade. Pois, aqui há interminável jogo de luzes de dois tempos das Alianças: Mosaica (a base onde tudo começou) e Jesuânica (a plenitude onde tudo recomeçou). Ou seja, a luz da Aliança Mosaica explica a mensagem de discursos do NT e a luz da Aliança Jesuânica, por sua vez, plenifica (dando vida nova, o novo vigor) as mensagens dos discursos do AT (cf. Mt 5,17-19).
Em segundo lugar, quero avisar-lhes que a forma desse texto remonta, na verdade, o gênero literário dos discursos de despedidas dos grandes heróis de Israel, desde Jacó até Moisés (cf. Gn 47,29 – 49,33; Js 22 – 24; 1Cr 28 – 29; o texto menor se encontra em 2Rs 2,1-10; todo o livro do Deuteronômio apresenta o discurso de despedida de Moisés, e termina com a bênção final, em Dt 32 – 33). Por isso que para muitos exegetas consideram Jo capítulo13 até 17 como “o Deuteronômio do NT”. Assim, Jesus é crido e colocado como grande “herói” nesta mesma linhagem.
Em terceiro, a parte introdutória deste texto está no capítulo 13, 31-38. O autor do quarto evangelho faz, quase, de propósito essa divisão para revelar a realidade interna – bem dividida – da comunidade dos discípulos após a morte de Jesus. O primeiro grupo dessa divisão (parte introdutória) é representado pelo Pedro junto com Judas e de outro (capítulo 14), por Tomé, Filipe e Judas – não Iscariotes. Com essa colocação nos faz entender (ou, pelo menos suspeitar) quem é Pedro na visão da comunidade joanina do Evangelho: a culpa de Pedro (como negador de Jesus) não é menos mal que a de Judas (o traidor do Mestre); ou seja, o ato de trair (o fruto) se inicia (tem como origem) na atitude de negação (a raiz onde tudo começou). Em outras palavras, o veneno da negação petrina tem o mesmo efeito da traição iscariotas: a escalada de violência e, enfim, a morte cruel. Assim, cada erro sempre é um erro, não tem como dividir se o erro é menor ou maior, pois não existe nem balança nem metro ou um outro qualquer instrumento de medição mais adequado em nenhum lugar no mundo que possa ser usado para medi-lo. O pecado (o erro) não tem cor nem raça, não tem nacionalidade nem idade, não tem profissão nem religião, não tem peso nem medida. A questão de pecado mortal e/ou venial é uma consideração psicológica e não teológica. Uma vez errou, está errado, a conversão é outra história. E, assim, mesmo que Pedro, depois da negação, seguiu a Jesus até à morte, ele carrega pelo resto de sua vida essa marca como o negador do Guru, na visão da comunidade joanina. Mas também preciso lembrar que não há critério para dizer que um convertido tem menos ou mais a santidade que os demais diante de Deus (cf. Sl 143,2), uma vez que a existência do erro humano não atinge, em cheio, nem provoca a mudança de rota (direção) da essência da graça de Deus no mundo. Ele (o erro) provoca, no entanto, o clima do inter-relacionamento convivencial humano e sua interferência na percepção da vida de fé e de afetividade. Os efeitos desses atos de negação e traição, além de levar Jesus à morte, provocam, igualmente. o medo, a desconfiança, o abalo da fé, a perda de sentido e de rumo e as incertezas – que também são sinais da morte potencial – na vida da comunidade dos discípulos – e mais tarde na comunidade joanina, - que vai ser tratado no capítulo 14.

Recolhendo dados textuais
É difícil fazer a distinção da dinâmica interna deste capítulo 14 de João. Por isso limito-me a umas descrições de suas principais mensagens temáticas para a nossa reflexão.
Na parte introdutória (13,31-38), após a saída de Judas (que em vez de optar pela participação, optou pela traição), inicia-se a cena da paixão (13,31-35); e Pedro retomou a conversa, como de costume, interferindo (primeira intervenção – 13,36-38) no discurso de despedida de Jesus, perguntando-lhe: “para onde vais” (13,36)? O clima de incerteza, de curiosidade e medo – misturado com certa coragem e animosidade, e a declaração de Jesus sobre a atitude contrária de Pedro, mais tarde (13,37-38), começa a esquentar as conversas. No meio dessa situação (da traição que se inicia e a negação após como conclusão de cena da paixão e, ao mesmo tempo, a introdução de um novo começo da história (o tempo apostólico, o tempo do Espírito, da comunidade-Igreja), que provoca o clima de medo, de incerteza e de desconfiança entre os discípulos), Jesus tenta reforçar o fundamento que serve de suporte para a vida dos discípulos daqui e em diante, dizendo: “Como eu vos amei, amai-vos uns aos outros. Nisto reconhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns pelos outros” (13,34-35). Essa mensagem mexe com coração dos discípulos, com coração de qualquer um, gela o calor de toda a euforia da autoconfiança de Pedro. Este é o coração de vida cristã: o amor! É o amor a Deus que passa necessariamente pelo amor ao próximo. É a pedra angular sobre a qual e para a qual se edifica a comunidade-Igreja de fé crística. O amor é o ser de Deus, em Cristo. O evangelista vai retomar esse tema de amor com mais profundidade no capítulo 15.
Capítulo 14, 1-4 é a retomada do discurso de Jesus sobre sua partida que vai servir de moldura do conteúdo principal: a situação dos discípulos. Assim, o capítulo começa – e termina – o discurso revelando a situação de perturbação e medo na vida dos discípulos por causa dos fatos que estão ocorrendo (a traição de Judas) e vão ocorrer mais tarde na vida do Mestre (vv. 1. 27). Nesta situação Jesus deu a seus discípulos o conselho de fé – no Alto que passa pela confiança em pessoa humana real, palpável que se convive e co-relaciona no dia a dia, aqui embaixo do nosso chão, assim como foi com os antepassados (cf. Ex 14,31): “Credes em Deus, credes também em mim” (v. 1). E completa: “... vou preparar-vos um lugar, ...”; é uma consolação que serve como garantia de uma certeza de Vida no além-vida, como forma de reacender a esperança de vida e o ânimo no aqui e agora para poder continuar perseverando rumo ao futuro (v. 2-4; cf. também, Dt 1,33, que fala de Javé como guia que andava à frente para preparar um lugar para o povo). Esta cena faz a “memória”, de despedida de Moisés que anima o povo a entrar na Terra prometida (cf. Dt 1,29; 31,6. 7. 23; também, Js 1,6. 7. 9). Mesmo dando o conselho de “não ficar perturbado o coração”, o próprio Jesus ficou “perturbado no seu coração” na presença da morte (cf. 12,27; 13,21). Mas, justamente a partir (e não apesar) dessa experiência real de vida que faz com que uma pessoa capaz de e sempre estar disposta a consolar os outros que estão na mesma situação.
Segunda intervenção, agora é de Tomé (vv. 5-7); parece que a fala de Jesus ficou meio nebulosa para os discípulos, não ficou muito claro, ficou enigmático demais por isso pergunta: “Não sabemos para onde vais. Como podemos conhecer o caminho” (v. 5)? A visão dos discípulos ainda está no pré-pascal por isso não entenderam nada o que Jesus quis dizer (cf. Jo 2,22; 12,16). Jesus, então, esclarece, enaltecendo: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai a não ser por mim”. E conclui, “Se me conheceis, também conheceis a meu Pai. Desde agora o conheceis e o vistes” (vv. 6-7). Aqui, está mais claro do que nunca o nosso tema: a esperança, a fé e caridade cristã, não estão em um método nem no procedimento e/ou em outra coisa qualquer, mas centradas na pessoa real, viva de corpo e alma. Do contrário, a esperança, a fé e o amor se transformariam em pura hipocrisia, vício, um vazio, doentio. Se o mundo é o espaço histórico único e privilegiado onde Deus se manifesta sua presença amorosa, então o mundo já é o pan-sacramento de Deus que o ser humano deve vivenciar e cuidar. E este ser humano não é outra coisa senão o Espírito de Deus em pessoa no mundo ( Cl 1,15).
Terceira intervenção, desta vez é de Filipe (vv. 8-21); “Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta” (v. 8)! Mesmo que Jesus já tinha respondido na pergunta de Tomé, Filipe não ficou satisfeito, ele quer algo novo. Isso nos dá a impressão de que ele não teria entendido bem a resposta dada a Tomé. Em vez de se concentrar sobre Jesus histórico, que é o Espírito do Pai em pessoa no mundo, Filipe quer uma manifestação divina bem diferente, mais convincente, igual às antigas epifanias. O desejo de “ver Deus” é o máximo que um coração humano pode sonhar na sua vida terrena, é a promessa mais alta da satisfação plena e eterna do espírito gemido (cf. Ex 33,12-23; Mt 5,7; 1Jo 3,2; cf. também, Rm 8, 23). Moises rezou pedindo para ver a glória de Deus, isto é, ver face a face, mas Deus só permite vê-lo pelas costas. No pedido de Filipe Jesus diz que quem o vê, vê o Pai. Aqui está o jogo da linguagem mística semítica sobre a visão espiritual dos sábios orientais: “na costa de Deus, a face do humano; e na face de Deus a costa do humano”. Vamos tentar explicar um pouco essa expressão: para os sábios orientais, o divino e humano são inseparáveis. Isto é, são duas faces da mesma realidade, feita moeda de ouro, os dois lados têm o mesmo valor. Por isso Jesus declara: “Eu e o Pai somos um. Quem me vê, vê o Pai”. Essa é a característica da espiritualidade oriental: a face de Deus continua imperceptível, está na frente dele mesmo e que chama e atrai.
A figura de Filipe aqui representa àqueles que deixam de ver Deus na sua frente e corre em busca de um outro Deus bem fora, nos objetos, como nos diz Hans Küng: nos aços, nas madeiras, nos barros, nos metais, nos túmulos, nos papéis, nas “comidas” e “bebidas”. Tudo isso revela a profunda crise de sentido, é uma inversão de valores: o endeusamento e idolatria das coisas como se fossem Deus e a coisificação do humano-imagem-e-semelhança de Deus como se fosse objeto descartável. Essa realidade de qualidade da sensibilidade humana invertida (a perda da sensibilidade humana enquanto humano) que vai contribuir ainda mais na escalada de violência no dia-a-dia em nome dos deuses, na vida da sociedade como um todo e nas famílias.
A quarta intervenção é de Judas – não o iscariotes (vv. 22-31); o questionamento de Judas mostra a incompreensão da fala de Jesus. Parece que Jesus (isso se percebe no seu modo de falar) demonstra algo de estranho, de insatisfação que leva a entender que ele está criando uma disparidade na sua manifestação, está tomando uma atitude arbitrária, seria uma espécie de exclusão, por isso, pergunta: “Senhor, por que te manifestará a nós e não ao mundo”? A resposta de Jesus repetindo o princípio que já tinha dito desde o início: o amor: “Se alguém me ama, guardará minha palavra e o meu Pai amará e a ele viremos e nele estabelecemos morada. Quem não me ama não guarda minhas palavras; e a palavra que ouvis não é minha, mas do Pai que me enviou” (vv. 23-24). Nesta resposta, Jesus mostra a diferença entre os discípulos e o “mundo”, ou seja, entre quem é amoroso e quem não o é, usando a palavra identificadora, o “guardar”. Isto é, aquele que está aberto para escutar a Palavra com atenção, guardar suas mensagens com carinho no coração e vivenciar na prática do dia a dia com responsabilidade. Esse é o diferencial, o elemento verificador de quem é fiel e o infiel (cf. Mc 3,31-35). Somente quem ama escuta, guarda a mensagem no coração e pratica na vida a palavra da vida. O amor não é questão do ter, mas do ser. O amor é a essência divina. Deus é amor (1Jo 4,16), e o ser humano é o Amor divino em pessoa no mundo. Jesus Cristo é este Amor por excelência, o espaço do encontro do Divino trinitário com o humano social, a epifania de Deus em operação, o lugar do dom do Espírito.

Contemplando mensagens
Quero relembrá-los mais uma vez aqui sobre o tema central (o conteúdo tratado) desse texto, como se sabe, não é a partida de Jesus propriamente dita, mas a situação dos discípulos no momento, o futuro da comunidade de vida e fé do discipulado; a partida forma a moldura desse quadro. O autor mostra com evidência a preocupação de Jesus muito mais com a situação dos discípulos na véspera de sua partida que o seu próprio futuro próximo, de modo especial o futuro da vida dos discípulos no pós-pascal (paixão-morte-ressurreição-glorificação). Por isso, no discurso Jesus tenta, além de acalmá-los também reforçar o princípio essencial da convivência para garantir a unidade na comunidade do discipulado, e esse princípio que vai servir, igualmente, como marca da identidade de vida como discípulo-missionário – nos tempos apostólicos, isto é, na ausência da presença do Mestre de Nazaré (a palavra Nazaret ou Nazaré significa guardar).  
 a) Como eu vos amei, amai-vos uns aos outros (13,34). Os atos e ditos salvíficos de Jesus é o modelo de vida cristã, independentemente das tradições e definições teológicas. Ser, viver e fazer como Jesus de Nazaré, o Cristo-Irmão misericordioso significa tornar-se o alter Christus – o outro Cristo. Aí, a nossa pergunta: o amor cristão está sendo de fato como exemplo saudável para o mundo? Qual a característica do amor cristão, segundo o Evangelho? É possível amar o próximo sem amor próprio?
b) Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai a não ser por mim (14,6). A pergunta de Tomé demonstra a situação de desespero. Ele quer alguma coisa mais concreta que possa indicar certa direção a seguir. Ao responder a pergunta, Jesus não ensina sobre nenhuma fórmula doutrinária mágica ou um código legal nem indicar alguma imagem de alguns “grandes heróis” do passado, e também nem apontar para uma outra coisa diferente a não ser oferecer sua própria pessoa como garantia de vida esperançosa, de fé inquebrantável e de um amor sereno, profundo e sólido, que é o seu próprio ser, e que se imprime no jeito próprio de viver e agir. Ele ensina que a esperança, a fé e a caridade centradas na pessoa. Sua própria pessoa é, como na palavra de Hans Küng, o fundamento, o centro, o alicerce seguro da esperança da vida cristã. Quando a vida e o relacionamento entre os seres humanos vivos não oferecem mais os bons exemplos e nem trazem a esperança viva e a confiança segura, quando falta a serenidade, o respeito, a fidelidade e mútuo cuidado então a única saída, é procurar em outro lugar que não seja o ser humano vivo e ativo. E aí que está a raiz da idolatria, da violência, da destruição, da perda da sensibilidade humana quanto humano, da inversão de sentido, da crise de fé, da esperança e do amor mútuo.  É triste ver, no dia a dia, as pessoas que têm mais facilidade e vontade de abraçar e beijar os objetos empoeirados que o seu próximo.
Se o Jesus joanino é o Cristo da fé eclesial, então com muito mais razão ainda de poder chamá-lo de “o caminho”. Portanto, Jo 14,6 pode e deve ser lido, contemplado e vivido em uma dimensão comunitária. Isto é, Jesus é o caminho da Verdade e da Vida, não somente por causa de uma atitude mística e espiritual individual de aderir a Ele, mas, sobretudo por causa da fidelidade a Ele em uma comunidade de fé afetiva e efetiva. Que tipo de cristão ou, cristã você é? O ser, o viver e o fazer dos cristãos estão oferecendo essa possibilidade de ser o caminho seguro, a verdade confiável e a vida saudável para o mundo? Acrescenta alguma coisa na vida só porque ser batizado, crismado, de ir à missa todo o dia, de doar todos os pertencentes para os outros sem a vivência do amor salvífico, isto é, o amor mais humano e solidário, mais tolerante e compreensivo (cf. 1Cor 13,1-3)?
c) Quem me vê, vê o Pai (14,9). Vida cristã deve revelar o brilho de Deus Pai-maternal e Mãe-paternal e Filial da vida e do amor salvífico ao mundo. Se fosse o contrário não seria a vida cristã. Que rosto de Deus que você, através dos seus ditos e atos, revela ao mundo? O que é que os cristãos podem fazer para que o mundo, através dessa ação, possa ver Deus neles e através deles?
d) Eu estou no Pai e o Pai está em mim (14,11). Só é possível revelar o Deus da vida para quem vive unida a Ele, n’Ele e para Ele. Somente assim o jeito de ser, de viver e de fazer, tudo revela o Deus amor misericordioso. Somente assim, a visibilidade de Deus será possível a ser percebida pelo mundo. Só a união indivisível baseada no amor além fronteiras que fazem com que as pessoas capazes de se abrir para o outro. Amar é sair de si e entrar no mundo do outro e, ao mesmo tempo, permitir que o outro possa entrar no nosso mundo interior. Isto é, fazer do próprio coração o shekinah (o espaço de vida) para com o outro, como Jesus para o Pai e o Pai para com ele. Você tem alguma experiência real do dia a dia que pode indicar que uma pessoa está em Deus e Deus nele? O que você faz para mostrar que você realmente está em Deus e Deus em você?
e) Quem crê em mim fará as obras que faço e fará até maiores do que elas (14,12). A fé é o “amém” humano – uma resposta – ou, um acolhimento, uma entrega, uma adesão total (cf. Lc 23,46) ao “Sim” absoluto – oferta – de Deus (cf. Sl 2,7; At 13,33). Aqui, Jesus ressalta a importância do fazer como fruto do crer, o elemento verificador do fiel, isto é, do ser. Mesmo que alguém não se aderiu ao movimento de Jesus Cristo, mas se na sua vida tem feito continuamente o bem maior, tanto para si como para com o próximo, ele ou ela já está com Cristo (cf. Mc 9,40). Neste sentido, podemos dizer que, nem todos aqueles que se dizem cristãos, são homens e mulheres crísticos, ou de Cristo, e nem todos aqueles que não estão nas igrejas cristãs estão contra Cristo, ou, inimigos de Cristo. Neste último que o Karl Rahner os denominou de cristãos anônimos.
f) Rogarei ao Pai e ele vos dará outro Paráclito (14,16). O amém dos discípulos se imprime na fidelidade ao mandamento novo do amor: amar a Deus e amar o próximo como a ti mesmo, baseado na experiência do amor de Cristo. Jesus não quer que seus discípulos vivem abandonados e andando sem rumo nem auxílio. De tanto amor para com os seus que, mesmo na sua ausência física, prometeu de pedir ao Pai para mandar o outro Paráclito como auxiliador (ou, advogado) e consolador na vida e missão dos discípulos. Isso demonstra a preocupação constante de Jesus em relação com a vida e trabalho dos seus. Ele quer que a missão da divulgação da Boa Nova continue, mesmo sem a sua presença física. O Espírito, que a comunidade joanina o chamou de outro Paráclito (Jesus é o primeiro), que vai garantir a continuidade da missão de Jesus.
g) Não vos deixarei órfãos. Eu virei a vós (14,18). O desejo profundo de continuar presente no meio dos discípulos (na comunidade-Igreja) se resume nessa promessa. O problema é, quando e de que forma essa volta. Essa promessa reaviva a esperança e o ânimo de vida na comunidade joanina do discipulado. Essa vinda vai acontecendo, não no fim da existência humana somente, mas no dia a dia através dos gestos simples, mas serenos das pessoas: da presença amiga dos irmãos e irmãs, amigos e familiares com suas palavras de consolo e conforto, seu olhar atento, seus sorrisos e abraços, etc.
h) O Pai e o Filho unido no Espírito farão sua morada nos discípulos (14,23). O amor, ou melhor, a força do amor supera as diferenças, derruba as barreiras, encurta as distâncias e proporciona a comunhão, dinamiza a convivência, agiliza a comunicação e fortalece a união. Assim, nesse amor mútuo que faz com o Pai se acampa no Filho e o Filho no Pai e, juntos nos discípulos e seguidores, na comunidade-Igreja. Jesus é shekiná do Pai no Espírito e os discípulos (comunidades cristãs) são shekiná de Cristo.
i) Deixo-vos a paz, bem diferente que a do mundo (14,27). A paz de Jesus não é como a do mundo, uma palavra vazia, um discurso demagógico. A paz que sai da boca de Jesus não somente um augúrio, mas uma palavra salvífica, palavra lenitiva que alivia, não só o fardo físico, mas também cura a ferida psicológica e moral espiritual. É uma paz integral de corpo e de alma. A paz de Jesus proporciona a liberdade de vida, de pensar, de viver, de dialogar, proporciona a prática de justiça e do direito. A presença dos cristãos (eclesial, individual e política) proporciona tudo isso para a vida do mundo? Na Igreja, na sua comunidade religiosa, nas suas famílias, há paz, justiça, liberdade, direito e diálogo?
j) Levantai-vos! Partamos daqui! (14,31). A comunidade-Igreja joanina ficou parada, assustada e precisa de mãos amigas para levantá-la e colocá-la de pé para andar. Pois a vida só é possível enquanto em movimento, em caminho, em dinamismo. Nas nossas vidas (pessoais e comunitárias) também muitas vezes precisamos de pequenos gestos, mas de grandes efeitos, precisamos de palavras de consolo, de mãos amigas para nos levantar e nos fazer andar. Precisamos de alguém que pode nos dar a mão e nos encorajar, dizendo: levantai-vos! Partamos daqui!
Lukas Betekeneng

sábado, 14 de maio de 2011

A IGREJA: LÍDER, LIDEANÇA E CUIDADO

(Jo 10,1-21)
Aprofundando o contexto
A crise atual (no mundo político interno e externo, nas religiões em geral e nas igrejas cristãs em particular, e católica romana em especial, nas congregações religiosas, nos movimentos sociais e nas famílias) é do líder ou da liderança? Qual a mística e espiritualidade do líder e liderança cristã? Para responder essas perguntas, procuraremos a luz do Evangelho, acima mencionado, para nos iluminar e nos guiar na nossa reflexão.
Observando com mais atenção o texto de João 10,1-21, percebemos que o evangelista, ao escrever sua mensagem, se baseia nos textos da Aliança Mosaica (AT), especialmente de Is 34,24-31; 40,11(cf Sl 23). Todos esses textos falam sobre o bom pastor (bom líder). As experiências de vida dos pastores e seus trabalhos de pastoreio servem de inspiração, rica e profunda, para os autores sacros elaboram suas mensagens de Boa Nova de Deus. O pastor é, portanto, a metáfora para falar de Deus como Bom Pastor (o bom Líder) e seus trabalhos de condução e de cuidado (sua liderança) dos rebanhos (do povo). Deus é o Bom Pastor que conduz suas ovelhas com sabedoria, cuidado, com muita dinâmica, solidariedade, atento à realidade (sinais dos tempos), e seus serviços sempre feitos a partir das ovelhas e com elas. Isto é, liderança democrática e participativa (com povo, do povo e para o povo).
Quer dizer, um pastor das ovelhas, ao pastorear seus rebanhos, não é ele o mais importante. Sua função aqui é, simplesmente, como facilitador, motivador, animador, protetor, como co-ordena-dor e dinamizador; ele é o amigo e condutor que acompanha os rebanhos em busca das pastagens, mas, ao chegar lá, quem escolhe as gramas são as ovelhas, são eles que decidem quais as melhores, entre as boas, para ser ingerida, somente eles sabem e conhecem a realidade de seu mundo de vida. Se não fosse assim, como diz o professor Wolfgang Gruen, “o próprio pastor seria o cabrito, conduzido pelos cabritos-pastores” em busca das gramas. Como está indo a nossa liderança: na família, na Igreja, nas nossas religiões, nas nossas congregações, nossas comunidades religiosas, nossos movimentos, no nosso país e, enfim, no nosso mundo atual? Como estou exercendo o meu papel de liderança, impondo tudo de cima ou sempre partindo da escuta atenta dos membros? Eu quem decido tudo para todos manipulando, desta forma, o coletivo para o bel-prazer do meu trabalho ou levo em consideração as inspirações de todas as partes em busca de consenso e necessidades mais urgentes? É bom lembrar que a liderança do tipo feudal foi muito exaltada e reforçada com uma articulação teologicamente difusa (usando o pretexto da religião e de Deus) e, consequentemente, foge das observações críticas das pessoas durante a idade média, e suas consequências ainda estão presentes em toda (s) a(s) Igreja (s) cristã (s) tanto quanto nas religiões e no mundo político em geral e na católica romana em particular, até hoje.
As congregações que nasceram dentro da Igreja com a missão de fazer testemunho profético frente a essas situações de lideranças imperialista, feudal, kolonialista, exploradora e ditatorial acabaram se transformando em “braço esquerdo” da estrutura que, além de dar a continuidade também reforçando ainda mais a política institucional do tipo colonialista e imperialista. Com isso, a Igreja em geral, e as congregações em particular não conseguiram contribuir em nada para poder construir uma nova política de liderança, na própria Igreja e no mundo, mais humana, mais saudável, mais democrática, mais participativa, mais justa e solidária e com sabedoria, responsável e dialogal, tolerante, transparente, madura e equilibrada.
No texto de Isaías 34,24-31, mostra o autor inspirado faz sua forte denúncia contra os líderes do seu tempo, acusando-os de negligentes, corruptos e irresponsáveis; em vez de pastorear e cuidar dos rebanhos que lhes foram confiados, com suas práticas, comportamentos e atitudes perversas, eles se cuidam e pastoreiam a si mesmos. Esses líderes – com suas práticas de liderança – segundo o autor, são os verdadeiros traidores do povo. A partir dessa viva experiência da cotidianidade que o evangelista João buscou a luz para fundamentar seu trabalho de evangelização da Boa Nova de Jesus Cristo.

Recolhendo os dados do texto (João 10,1-21)
Dividimos o texto, conforme sua estrutura, em duas partes contrastes: os bandidos e o bom pastor.
A. Os bandidos (ladrão e assaltante) e parábola da porta (vv. 1-10)
1. Realidade da vida (vv. 1-5)
a) Ponto relevante: os bandidos: são aqueles que não usam a porta para a entrada e saída (v. 1)
b) Ponto de contraste: pastor: é aquele que usa a porta para entrar e sair, e chama e conduz os rebanhos, pois lhe conhecem a voz (v. 2-4)
c) Desfecho: ao estranho as ovelhas não o seguem, pois não lhe conhecem nem a sua voz (v. 5)
► O narrador faz sua observação sobre a incompreensão dos ouvintes – no caso, os fariseus (v. 6)
2. Esclarecimento – para os não-entendidos (vv. 7-10)
a) “Eu sou” a porta! Antes de mim vieram os ladrões e assaltantes (vv. 7-8)
b) “Eu sou” a porta (o significado da porta é como ponto de referência) – tanto para os pastores quanto para os rebanhos. Quem passa por mim encontra pastagens – encontrar sinais da vida em abundância (vv. 9-10)

B. O bom pastor, isto é, servir de exemplo (vv. 11-18)
1. “Eu sou” o “bom” pastor e tenho com-promisso com a vida dos rebanhos; o empregado, quando há perigo, foge (ato de infidelidade) deixando os rebanhos dispersados, abandonando-os à própria sorte (vv. 11-13)
2. “Eu sou” o “bom” pastor e tenho com-promisso com a vida dos rebanhos; procuro reunir todos os rebanhos, aqui e em todos os lugares (vv. 14-16)
3. O significado e sentido profundo do comprometimento (doação espontânea) da vida pela vida (vv. 17-18)
► Ao apresentar a divisão entre os judeus, o autor faz a inclusão dos vv. 19-21 com os primeiros versículos do capítulo 9.

Contemplando as mensagens
 Com o esquema exegético acima, já nos facilita muito para o nosso aprofundamento do texto. Primeiramente, a comunidade joanina nos apresenta dois modelos de líder e de liderança: o líder tirânico das autoridades judaica (os fariseus) – que o autor os denomina como ladrão e assaltante – e Jesus de Nazaré – que a comunidade o chama de líder exemplar, isto é, servir de exemplo (o bom líder), o bom pastor e protetor.
Outro destaque é a comparação que o autor faz entre a liderança dos fariseus e de Jesus. A liderança dos fariseus é do tipo feudal, tirânico, colonialista, opressor e explorador que um líder faz para buscar o proveito próprio à custa da humilhação e do sofrimento do povo, aproveitando o papel de liderança com pretexto da religião e de Javé, é o tipo de liderança que não possui caráter pastoreio, nem do cuidado e nem de libertador (aqui, o autor prega o substantivo “ladrão” e “assaltante” que rouba, oprime, dispersa e mata para qualificar o tipo de liderança farisaica). E a liderança-cuidado do tipo pastoreio de Jesus, que aqui o autor usa o adjetivo “bom” do relato da criação (cf Gn 1,1-31), para garantir a qualidade de liderança jesuânica, e a expressão “Eu sou” da auto-revelação de Deus a Moisés no livro do Êxodo (cf. Ex 3,14), para indicar a qualidade originária e originada da personalidade de Jesus de Nazaré como o Líder por excelência e sua liderança crística.
Aqui já temos uma resposta para a primeira pergunta: a crise que estamos vivendo não consiste na liderança, mas, sim, no próprio líder, pois tudo o que fazemos para fora revela “tudo” o que somos por dentro. O efeito produzido pela nossa ação tem como causa principal está na estrutura interna do nosso “ser” como pessoa humana. Somente uma boa pessoa capaz de fazer os bons trabalhos, capaz de construir boas relações convivenciais com os diferentes, pois do contrário só provoca intrigas desnecessárias, irritações infantis e violências reais e simbólicas, injustiças, só produz as dores, sofrimentos e mortes (cf. Mt 7,17; Lc 6,45). Só o homem-paz capaz de conviver em paz, só o homem-justo capaz de fazer a justiça, pois o agir é o reflexo do ser, bom ou mal. Os nossos ditos e atos são o elemento verificador, o termômetro para medir o grau de salubridade da nossa mentalidade, são setas que apontam para a qualidade estrutural do nosso ser humano quanto humano por dentro (cf. Jo 10,26; Pr 23,7), também revela a origem de onde viemos, inclusive o tipo de educação familiar, política de relacionamento e convivência social (experiência de vida afetiva familiar ou fraterna) desde os primeiros anos de vida (cf. Mt 12,33; Lc 6,43-45; Pr 11,30).

O bom líder
O que, afinal, a liderança? Ser líder é o mesmo que ser “chefe” ou “gerente”? Qual a função principal de um líder? É bom lembrar que ser líder não é o mesmo que ser “chefe” ou “gerente”. A primeira razão das diferenças consiste no tipo de liderança do “chefe” ou “gerente” e do líder: o “chefe” ou “gerente” desenvolve uma liderança mais do tipo de resultado (mais pragmático e/ou funcional por isso é exigente), exibicionista e pedantista, autoritária, autocrática e submissa. Enquanto que um bom líder é aquele que sabe lidar com todos os tipos de diferentes de modo mais saudável, humanizante, compreensivo, com maior tolerância, mantendo sempre o bom-senso e o bom-humor na convivência funcional, saber dialogar com maturidade e equilíbrio – psico-emocional e moral-espiritual. Saber o momento de falar (ensinar), de calar (escutar) e de agir – tanto como co-aprendiz quanto como apoiador. Sabendo lidar com tudo isso, um líder terá capacidade de contagiar os liderados, dando-lhes a inspiração, a confiança, motivações e produtividades para, juntos, conseguirem os resultados esperados. E a segunda, consiste na qualidade e durabilidade das relações entre o líder e o liderado: o “chefe” ou “gerente” exalta a relação vertical (do senhor que manda porque tem poder e o súdito que obedece porque tem juízo), e a durabilidade de suas relações com os liderados é temporária; sua liderança é também feita centrada no papel (função). Ao passo que o líder não despreza a relação vertical, mas também não endeusa a horizontal; ele usa sua “creatividade” para desenvolver sua relação mais solidária, de mútuo respeito, mais compreensiva, mais fraterna; sua prática de liderança é também sempre centrada na pessoa, e não no papel ou função como no caso do “chefe” e/ou gerente, por isso é pedagógica e geracional; e a durabilidade da sua relação com os liderados é, por isso, permanente, não se esgota nem no tempo nem no espaço, é pela vida inteira.
Um bom líder não procura o proveito próprio e nem o dos certos grupinhos, também nem desenvolve a relação de submissão, pelo contrário, tem sua autonomia e maturidade, isto é, não fica dependendo tudo do comando do superior, mas sabe criar a relação saudável de interdependência (de mútua ajuda) com todos os níveis de responsabilidade e profissões. Um bom líder não fundamenta sua liderança nas letras da lei e/ou constituição, por melhor que seja, mas no valor de grandeza do ser humano (cf. Mc 2,27). O chefe ou gerente, no seu trabalho de liderança, aposta na lei da força de dominação e no poder de subjugação para imobilizar (prender) e explorar os liderados, instrumentalizando-os para garantir o sucesso. Enquanto que um bom líder confia na arte de convivência relacional e na capacidade de comunicação motivadora e inspiradora para influenciar os liderados para conseguirem o objetivo planejado. É desta forma que um bom líder será capaz de seduzir (chamar) ou atrair os indivíduos para formarem o grupo, e, por fim, capaz de motivar os grupos para se transformarem em equipe, bem sólida e que tenha a capacidade de produzir frutos abundantes. Esse é o líder exemplar, o bom líder, que servir de exemplo para os liderados (cf. Mt 11, 28-30; Jo 10, 2-4. 9-10. 16-17). Assim dizemos que a liderança é um processo contínuo, uma interminável construção de “creatividades” e capacidades de condução, de co-ordenação e de motivação (tipo de liderança motivadora e transformadora) utilizando diversas técnicas pedagógicas para influenciar as pessoas rumo a meta; pode até faltar recursos, mas um bom líder não pode faltar a “creatividades” no seu trabalho de liderança.
Um bom líder deve ter uma visão aberta e crítica (atento aos sinais dos tempos) e tomar atitudes corretas. Deve ter flexibilidade, maturidade, equilíbrio e sempre estar aberto ao diálogo, estar sempre no lado dos liderados e os defende e não o contrário, estar no lado do grupo de chefes ou gerentes tirânicos (cf. Jo 8,1-11). Ele deve ter uma noção clara e saudável sobre o que significa liderar centrada na pessoa e a liderança centrada no papel (ou, na função) do poder e da lei. Esse último é o tipo de liderança feudal, imperialista e colonialista, liderança exploradora, portanto, não é liderança evangélica e crísitca. Mas o que se vê na prática cotidiana, essa lógica de liderança não raras vezes se inverte: uns líderes defendem outros líderes com base no poder, prestígio e posse e, juntos, sacrificando os liderados. É o tipo de liderança obsessiva e submissa. Um bom líder é capaz de criar o clima de relacionamentos mais saudáveis, isto é, centrado na pessoa e não no “status quo” funcional da estrutura e nem no poder das letras da lei (cf. Mc 10, 41-45).
O líder cristão (político cristão) em geral e religioso em específico deve ter na mente um paradigma crístico bíblico de liderança, pois se não fosse assim, ele não teria capacidade de exercer a função que tem dignidade e moral de promover a justiça social, o direito do individuo, a igualdade para todos, a solidariedade (assistencial, promocional e libertadora) e a democracia. Um líder cristão e religioso deve ter capacidade de ouvir as críticas, de reconhecer seus próprios erros e estar disposto a ser corrigido pelos outros (Cf. Mt 15,21-28).
Conforme o paradigma bíblico, o tipo do líder crísitco e de liderança cristã é servo solidário e irmão-protetor (cf. Mc 10,41-45). É aqui que está a mística e espiritualidade do líder e da liderança cristã. Parece simples, mas não significa fácil, pois precisa de humildade, de maturidade, de responsabilidade, de compreensão e tolerância. Um líder-servo solidário não centraliza sua liderança na função e nem aposta na lei da força de dominação para garantir o sucesso. Pelo contrário, pratica a liderança centrada na pessoa e confia na força da lei nova do amor crístico e transformador (cf. Jo 13,34), que dinamiza, fraterniza, dialoga e que vivifica e salva. Assim é o sentido crístico do ser líder e da liderança cristã, é bem paradoxal (Mc 8,34-38; Mt 20,28; Lc 22,24-27).
Em um mundo cheio de líderes e carência de liderança, de muita religião e pouca salvação, de santos abundantes, mas pobre de santidade, feito o pato nadando na lagoa, morrendo de sede e galinha botando o ovo no meio do milho, morrendo de fome. Nesta situação de contraste, os líderes (políticos) cristãos em geral e as igrejas cristas como um todo são chamados e convocados para a missão profética de desenvolver uma liderança nova e transformadora centrada na pessoa, liderança paradoxal como anunciada e testemunhada por Jesus de Nazaré, o Cristo-irmão misericordioso, o líder-pastor que entrega sua vida pela vida dos seus discípulos e seguidores, pela vida de toda a humanidade. Ele é o bom líder, por isso amado pelos seus e admirado por todos, é o pastor por excelência, protetor verdadeiro e libertador santo de Deus Pai-maternal e Mãe-paternal e Filial.

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Lukas Betekeneng

sexta-feira, 13 de maio de 2011

GEREJA: PEMIMPIN, KEPEMIMPINAN DAN PERLINDUNGAN

(Yoh 10,1-21)
Mendalami konteks

Krisis aktual (dalam dunia politik intern dan extern, dalam gereja kristen dan kehidupan keagamaan lainnya, dalam komunitas religius dan dalam keluarga) adalah merupakan krisis dari pemimpin atau kepemimpinan? Apa mistik dan spiritualitas dari pemimpin dan kepemimpinan kristen? Untuk mencoba menjawab dua pertanyaan ini, kita perlu mencari titik-titik terang dalam teks Yohanes di atas Agar bisa membantu kita dalam permenungan.

Bila diselami lebih dalam akan latar belakang dari teks Yohanes ini, diketahui bahwa penginjil menyusun pikiran pewartaannya atas dasar teks-teks dari Perjanjian Lama, khususnya Yeh 34,24-31 dan 40,11, juga teks lainnya seperti Mzm 23. Semua teks ini berbicara tentang gembala yang baik (pemimpin yang baik). Pengalaman hidup dan cara kerja dari para peternak sunguh memberikan inspirasi bagi penulis Sabda Allah; peternak menjadi gambaran metaforisTuhan dalam kerja pengembalaan (karya kepemimpinan). Tuhan adalah Peternak (pemimpin) yang baik yang menggembalakan kawanan ternaknya (yang menuntun para anggotanya) dengan bijak, penuh perhatian, dinamis, solider, peka akan situasi, dan dalam mejalankan karya penuntunan, selalu berangkat dari kebutuhan kawanan gembalaannya (kebutuhan para anggotanya). Kepemimpinan yang pertisipatif.
Artinya bahwa, seorang gembala dalam tugas kegembalaan, ia bukannya penentu utama; fungsinya di sini hanya sebagai motivator dan animator, sebagai ko-ordinator (mengorganisir bersama) dan dinamisator, sebagai teman dan pengantar menuju ke padang hijau, tetapi yang akan menentukan dan memilih rumput hijau, mana yang pantas dan tidak pantas, adalah kawanan gembalaan sendiri dan bukan gembala. Kawananlah yang tahu akan kondisi, mengenal medan hidup dan mampu untuk memilih mana yang terbaik, dari semua yang baik, bagi hidup mereka. Bagaimana cara kepemimpinan kita: dalam keluarga, dalam gereja, dalam kongregasi (dalam komunitas-komunitas religius) dan dalam negara? Bagaimana cara saya memimpin, mau memaksakan ide dari atas atau mau mendengarkan seruan anggota dari tiap wilayah? Cukup pekakah akan kebutuhan dari setiap anggota atau berusaha memaksakan pendapat dengan memanipulasi kolektivitas? Baiklah diingat bahwa situasi kepemimpinan seperti ini (yang feodalis dan kolonialis, diskriminatif, diktatorial, yang tidak dialogis dan manipulatif) terjadi dalam sepanjang sejarah gereja abad pertengahan, dan pengaruhnya masih tetap dirasakan sampai detik ini. Kongregasi-kongregasi religius yang seharusnya mengemban misi kenabian tentang situasi ini untuk mewartakan Khabar Baru, justru menjadi perpanjangan tangan dalam praktek-pratek kepemimpinan yang tidak memberikan teladan apa pun untuk dunia politik agar dapat membantu kehidupan antar umat manusia yang menjadi semakin manusiawi, semakin adil, jujur, bijksana, toleran, dialogis dan demokratis.
Dalam teks Yeh 34,24-31, penulis kudus yang penuh inspirasi ini menuduh para pemimpin pada zamannya sebagai yang tidak bertanggungjawab lagi koruptor; dari pada menggembalakan kawanan yang dipercayakan, dengan cara hidup dan karyanya, mereka, sebaliknya, menggembalakan diri mereka sendiri. Sesuai penulis, gembala semacan ini adalah yang tidak loyal terhadap kawanan. Dari sumber pengalaman konkret inilah Yohanes menimba tetes-tetes inspirasi untuk karya pewartaan Khabar Baik Allah.
Pengumpulan data teks (Yohanes 10,1-21)
A. Para penjahat dan “perumpamaan tentang gerbang” (ayat. 1-10)
1. Realita kehidupan (ay. 1-5):
a) Titik yang disoroti: Penjahat, masuk dan keluar tanpa melalui gerbang (ay.1)
b) Titik contras: Gembala menggunakan pintu untuk masuk dan keluar, memanggil dan menuntun kawanan gembalaan karena mereka mengenal suaranya (ay. 2-4).
c) Kesimpulan: Yang asing tidak diikuti karena tidak dikenal suaranya (ay.5).
►Observasi dari penulis mengenai ketidakmengertian dari para pendengar, dalam hal ini, kaum farisi (ay. 6)
2. Penjelasan bagi yang tidak mengerti (ay. 7-10):
a) “Saya adalah” gerbang bagi kawanan! Sebelum saya, datang para penjahat (ay. 7-8)
b) “Saya adalah” gerbang – bagi para gembala dan kawanan; siapa yang masuk dan keluar melalui aku akan mendapatkan padang hijau – kebahagiaan, artinya, akan mendapat keselamatan (ay. 9-10)
B. Gembala yang “baik” (ay. 11-18)
1. “Saya adalah” Gembala yang “baik”, yang memiliki komitmen kehidupan bagi kawanan domba; seorang pekerja gajian akan lari meninggalkan kawanan tercerai-berai (ay. 11-13).
2. “Saya adalah” Gembala yang “baik”, yang mengenal kawanan dan mereka mengenalku; saya memiliki komitmen kehidupan yang kuat bagi kawanan domba; oleh itulah, berusaha mencari dan menghimpun semua kawanan lainnya dari segala tempat (ay. 14-16).
3. Makna terdalam dari komitmen adalah memberikan hidup – dan hidup dalam kepenuhan (ay. 17-18).
►Saat memaparkan situasi perpecahan dalam kehidupan antara kaum yahudi, penginjil Yohanes menghubungkan ayat-ayat 19-21 dengan ayat-ayat permulaan dari bab 9.

Mengkontemplasikan pesan dari teks
Dengan adanya skema exegetis (penafsiran) di atas maka sudah menjadi mudah bagi kita untuk merenungkan makna dari teks Injil kita.
Penulis dari komunitas injili yohanian memaparkan kepada kita dua model pemimpin dan kepemimpinan: Yesus – pelindung dan gembala – dan para pemimpin kaum yahudi.
Penulis juga membuat suatu komparasi antara sikap dan tindakkan dari Yesus sebagai seorang pemimpin yang loyal, yang memiliki sifat pelindung dan penggembala serta ksetria terhadap yang dipimpinnya (di sini, penulis menggunakan kata “baik” dari kisah penciptaan dan ekspresi “Aku adalah” dari kisah tentang autorevelasi Allah kepada Musa untuk menandakan kwalitas kepribadian dari Yesus sebagai pemimpin dan kepemimpinannya), dan dari kaum yahudi yang pengkhianat lagi pengecut.  Perlulah diingat bahwa lima kali kata “baik” dalam kisah penciptaan melambangkan ide kemutlakkan (kesempurnaan) dari kelima Kitab Taurat Musa tentang karya Allah di dunia.
Dengan menelaa teks Yohanes, didapatkan pesan bahwa krisis yang dialami dalam hidup keseharian, baik itu dalam organisasi politik, ágama, komunitas-komunitas religius dan keluarga, bukan ada pada fungsi tetapi dalam pribadi kepemimpinan yang manjalankan fungsi itu sendiri (di sini, penulis menggunakan kata pencuri dan perampok). Hanya seorang yang mempunyai kepribadian yang baiklah yang dapat menjalankan fungsi tugasnya dengan baik, karena apa yang dilakukan ke luar adalah bagaikan xerox atau foto-copy (revelasi) dari apa yang terdapat dalam struktur intern pribadi dari manusia itu sendiri, merupakan buah batin, kwalitas kejiwaan (mentalitas) dari kepribadian kemanusiaan yang dipantulkan melalui perkataan, sikap dan perbuatan (cf. Mat 7,17; Luk 6,45). Semua perkataan dan perbuatan itu pulalah akan menjadi saksi yang tak terpungkiri untuk menjelaskan siapa sebenarnya pribadi seseorang (cf. Yoh 10,26; Ams 23,7) serta merevelasikan dari mana asalnya dan apa pengalaman pendidikan dan pembinaan (pengalaman cinta) yang diperoleh sejak masa kecilnya (Mat 12,33; Luk 6,43-45; Ams 11,30).

Pemimpin (gembala) yang baik
Apa artinya kepemimpinan atau memimpin? Apakah sama artinya dengan “manajer” atau “bos”? dan pula apa fungsi dari seorang pemimpin? Baiklah diingat bahwa menjadi pemimpin bukan sama artinya dengan menjadi “bos” atau “manajer”. Perbedaannya terdapat pada model dan durabilitas dari relasi: “bos” atau “manajer” mengembangkan model relasi funsionalis dan durabilitasnya bersifat periodik (selama fungsinya masih berlaku) sementara pemimpin – yang baik – mendasarkan model relasinya pada nilai hidup dari manusia itu sendiri dan karena itu durabilitas dari relasinya pun melampaui batas fungsional, seumur hidup. Pemimpin yang baik tidak hanya mencari kepentingan diri dan kelompoknya, juga tidak menjalankan kepemimpinannya berpusat pada alínea dari huruf-huruf konstitusi tetapi justru pada manusia (cf. Mrk 2,27). “Bos” atau “manajer” mempertaruhkan kekuatan dan kekuasaan – funsional – untuk mendominasi dan mengimobilisasi (“mengikat”) mereka yang dipimpinya untuk diperalat demi sukses, sementara pemimpin yang baik, mengandalkan seni berelasi dan kemampuan berkomunikasi yang berpengaruh untuk memotivir yang dipimpinya hingga melahirkan kemampuan produktivitas yang diharapkan demi mencapai target. Dengan cara inilah, ia mampu mentransformasikan kelompok ke dalam tim yang solid dan bersatu, solider dan ko-operatif, baik dalam hidup mau pun karya. Kepemimpinan jenis inilah membuat dia menjadi póla panutan angota (Yoh 10,2-4. 9-10. 11-16). Dengan itu, dapat dikatakan bahwa kepemimpinan adalah suatu proses usaha dalam mengundang dan mempromosikan pribadi-pribadi utuk membentuk kelompok, memberikan motivasi baru dan menganimasikan agar mampu mantransformasikan kelompok ke dalam tim yang kompak dan mampu menciptakan iklim kehidupan penuh persaudaraan serta berproduktif. 
Seorang pemimpin yang baik perlu memiliki wawasan yang terbuka, bertindak secara dewasa, bijaksana, fleksibel, seimbang dan tidak berpihak pada hukum penguasa, sebaliknya harus mendukung dan membela anggota yang dipimpinnya (cf Yoh 8,1-11). Praktek hidup harian justru logika ini terbalik: pemimpin yang satu membela pemimpin yang lain dan mengorbankan yang dipimpin. Hal ini biasanya terjadi, baik dalam kehidupan dunia politik dan terlebih dalam gereja, dan dalam kehidupan harian kongregasi-kongregasi religius, baik dari kalangan pria mau pun wanita.  Seorang pemimpin yang memiliki mentalitas yang kolonialis, arogan, egosentris, kurang berwibawa, tidak memiliki wawasan politis kepemimpinan yang kristis, terbuka, sehat dan manusiawi, konsisten dan konsekwen, biasanya tidak mampu mendengarkan kritikan dari anggota. Suka memperhatikan kelemahan orang lain tetapi sulit sekali menerima kelemahannya sendiri. Seorang pemimpin yang baik memiliki sifat-sifat kepemimpinan yang transparan, regeneratif, koheren, dialogis, komprehensif dan manusiawi. Seorang pemimpin yang baik adalah pemimpin yang adil, dewasa dan bijaksana, mampu menciptakan relasi kepemimpinan yang berpusat pada manusia dan tidak pada fungsi, struktur hirarkis dan juga tidak pada hukum kekuatan (cf Mrk 10, 41-45)
Seorang pemimpin, pada umumnya dan kristen khususnya harus memiliki suatu falsafa kepemimpinan yang manusiawi dan kristis sesuai ajaran keimanan yang sehat (tidak semua orang kristen memiliki mentalitas dan praktek kehidupan yang kristis. Jiwa kekrististisan berada dalam diri semua umat manusia-gambar dan rupa Allah, pencipta dan penyelamat hidup dan kehidupan dari semua ciptaan). Dan khusus untuk pemimpin kristen, kalau tidak memiliki wawasan (falsafa) dari paradigma kristis biblis tentang kepemimpinan, ia tidak akan mampu memimpin secara baik: artinya, secara pedagogis, adil, jujur, transparan, komprehensif, dewasa, bijaksana, loyal, sabar, manusiawi dan lain-lain. Pemimpin yang baik selalu dapat menerima kelemahannya sendiri (Mat 15,21-28).
Sesuai dengan paradigma biblis, seorang pemimpin (gembala) yang baik adalah pemimpin-pelayan (Mrk 10,41-45). Disinilah terdapat arti kemistikan dan spiritualitas bagi pemimpin dan kepemimpinan kristen. Nampaknya sederhana tetapi tidak berarti mudah, karena butuh kedewasaan, kesabaran, penguasaan diri dan kerendahan hati. Lagi, Seorang pemimpin-pelayan, dalam menjalankan kepemimpinannya selalu harus berpusat pada manusia dan bukan berpatok pada lógica huruf-huruf hukum kekuatan atau alínea-alinea dari suatu konstitusi – kendati semua itu membantu – malainkan berpatok pada kekuatan hukun cinta baru (Yoh 13,34) yang lebih persaudaraan, dinamis lagi hidup dan menyelamatkan. Begitulah makna kekuatan hukum baru Kristus, sungguh paradoxal (Mat 20,28; Luk 22,24-27)
Dalam dunia saat ini yang nampaknya seperti berkelimpahan pemimpin namun pada kenyataannya betapa miskin akan kepemimpinan; ibarat itik yang tengah berenang dalam air, mati kehausan dan induk ayam yang sedang bertelur di tengah padi, mati kelaparan. Dunia seolah penuh dengan orang-orang suci namun betapa langka kesucian itu terasakan. Agama sungguh tersebar di seluruh pelosok, itu nyata dengan berkelimpahan rumah-rumah ibadat yang terdapat di setiap persimpangan lorong dan jalan; yang jarang ditemukan dalam hidup ini adalah keselamatan. Dalam situasi seperti ini, semua orang diundang untuk menciptakan dunia kepemimpinan baru yang semakin manusiawi dan yang menyelamatkan, dan khusunya semua orang (Gereja) kristen dipanggil dan diutus untuk mengemban tugas kepemimpinan kristis yang paradoxal sebagaimana diamanatkan oleh Yesus, Kristus-saudara berbelaskasih, Pemimpin-pelindung dan Gembala yang baik.
Lukas Betekeneng

domingo, 8 de maio de 2011

MULHER: MÃE-ESPOSA E IRMÃ-AMIGA

Ser mãe é aceitar e viver na responsabilidade o papel gerador e criador de vida da humanidade; é uma condição natural própria do feminino, o ponto alto do desenvolvimento e amadurecimento natural da vida de toda a mulher.
Ser mãe não é somente porque ela se engravida e dar à luz um novo ser humano, no mundo. É muito mais que isso, é ser a primeira colaboradora direta, de Deus, na contínua procriação da vida da humanidade. Para isso, ela arrisca no perigo apostando sua própria vida pela vida dos demais. Ela sabe bem quais os desafios de ser mãe. Somente ela sabe dizer, com convicção, quão gracioso esse papel e, ao mesmo tempo, quão desafiador que esse mesmo papel representa para a sua vida e a de toda a mulher-mãe, esposa-amiga, feminina-criadora...   
Por assumir de Deus o dom de amor criador, encarnando na terra o rosto misericordioso da maternidade da Trindade divina, seu amor de mãe é totalmente diferente de tudo e qualquer coisa neste mundo. Ele (seu amor) nunca obedece a lei paternalista alheia nem a piedade dependente e escravocrata. Seu amor, pelo contrário, ousa atentamente todas as vozes que ecoam na razão corânica maternal (razão do coração), com uma visão vigilante ele olha na profundidade e examina tudo o que está em seu caminho em vista da vida e felicidade de seus filhos. Assim, toda a mulher-mãe é a lançadora da independência de vida dos futuros gerações humanas.
Todas as mulheres-mães são carregadoras (o ato de carregar é o símbolo divino do cuidado pastoril) da vida de Deus em pessoa humana no mundo: primeira, ela carrega no seu desejo, no fundo do seu sonho feminino, antes mesmo de se tornar mãe; depois, no útero formador e gerador maternal ao assumir o papel de mãe-esposa. Com o nascimento dos filhos, ela agora os carrega no colo, junto ao peito. Dos seus seios, os filhos tiram o seu sustento e na sua insônia eles se descansam no sono tranquilo, na paz profunda e verdadeira. E quando os filhos crescem e amadurecem, caminhando com suas próprias pernas, correndo pelo mundo, longe do seu olhar, também ela não os deixa, mas continua, desta vez, carregando-os no seu coração de mãe, junto à saudade, pertinho do afeto, bem próximo do lado de seu amor incondicional.
De fato, o amor da mãe é a força propulsora que capacita os filhos e os de toda a humanidade a fazer o impossível, e os seus braços são a ternura protetora em movimento feito refúgio para os filhos.
Por isso, na vida ela deve ser amada, e no dia a dia deve ser conquistada e promovida; na discriminação ela deve ser libertada e na violência deve ser defendida; no seu papel de mãe-esposa ela deve ser devotada e, no amor deve ser desejada; no trabalho ela deve ser motivada e protegida, e na luta deve ser encorajada e apoiada. Seu ser mulher-mãe-esposa deve ser sempre protegido, respeitado, cuidado e abençoado de geração em geração. Assim, como também na sua conquista deve ser festejada e na sua derrota deve ser consolada para que, na sua vida de mãe, a alegria seja multiplicada e sua alma seja sempre balsamada, com o perfume do amor afetivo e efetivo de Deus em nós, homens e mulheres de toda a humanidade......
                           Feliz dia das mães! Que Deus lhes abençoe e lhes protege.

                                                               BH, 08/05-2011
                                                          Por: Lukas Betekeneng   

sábado, 7 de maio de 2011

GEREJA: IMAN YANG LAHIR KEMBALI DARI SABDA-ROTI DAN DARI ROTI DARI SABDA KEHIDUPAN

(Lk 24, 13-35)
Mengumpulkan data
(v.13) Dua orang murid Yesus sedang dalam perjalanan dari Yerusalem ke Emaus.
Perhatikan dinamisme yang khas dari jiwa penginjil Lukas yang tercermin dalam teksnya: sentral-periferik-sentral, atau perkumpulan-perpisahan-perkumpulan, atau pula, berhenti-bergerak-berhenti, atau lain lagi, dari rumah dan meja pengkhianatan dan kebingungan-ke rumah dan meja rekonsiliasi-kembali ke rumah dan meja reunifikasi (Yerusalem-Emaus-Yerusalem).
Terang dari Sabda-Roti yang bersinar dalam perjalanan hidup dan yang menjelma menjadi Roti dari Sabda kehidupan pada meja perjamuan persaudaraan menyalakan kembali kepercayaan iman, mereanimasi dan membangun kembali semangat ketekunan untuk berjalan dan berjalan terus menuju hidup yang kekal.
(v. 14) Jarak antara Yerusalem – Eamaus adalah kurang lebih 12 km. Angka dua belas adalah nomor simbolis bagi keduabelas suku Israel.
(v. 15. 16) Tanda kebutaan yang menghalangi daya pengenalan kembali akan Yesus yang tengah berjalan bersama mereka. (waktu pada saat itu kemungkinan sekitar jam siang yang cukup panas?)
(v. 19) Yesus diyakini sebagai seorang nabi yang kuat, baik dalam perbuatan maupun dalam perkataan, baik dihadapan Tuhan maupun dihadapan umat manusia (dimensi religius).
(v. 21) Tetapi juga berpikir bahwa dia kiranya menjadi Pembebas “mesianik” (pembebas utusan Allah) bagi Israel (dimensi politik).
(v 22. 23) Kaum wanita yang pada pagi-pagi buta pergi ke kuburan dan tidak menemukan jenazah Yesus, tetapi “menyaksikan suatu penampakan malaikat”, yang mengatakan kepada mereka bahwa Yesus hidup.
(v. 24) Para murid pun ke kuburan dan menemukan situasi yang sama, sebagaimana dikatakan kaum wanita, tetapi tidak mengalami seperti apa yang dialami wanita-wanita itu.
(vv. 25. 26. 27) Nampak kelambanan dari pertumbuhan dan kedewasaan iman, kendati pun setiap hari membaca Hukum Taurat, Kitab-Kitab dan para Nabi.
(v. 29) Meminta kepada Yesus agar jangan meneruskan perjalanannya, tetapi tinggal bersama mereka, karena sudah soreh dan hari pun mulai gelap.
(vv. 30. 31) Duduk bersama dimeja perjamuan dan salilng membagi-bagikan roti; mata mereka mulai terbuka dan mereka pun mengenal Yesus.
(v. 32) Anamnese (mengingat kembali, restaurasi dari memori) akan pengalaman yang baru lalu ketika sedang dalam perjalanan.
(vv. 33. 34. 35) Mereka pun segera bangun dan kembali ke Yerusalem (metanoia); mendapatkan kesebelas burid lainnya dan temen-teman mereka; mereafirmasikan tentang kebenaran dari pengalaman hidup, yang didirikan atas dasar iman yang lahir kembali dari Sanda-Rota dan dari Roti dari Sanda kehidupan. Satu observasi! Di sini nampak suatu cahaya yang menunjukkan bahwa menurut komunitas-Gereja injili lukanian, teks ini memaparkan saat kelahiran dan kelahirkan kembali dari Gereja; itu artinha, Pentekostes dari komunitas “penginjilan”, penciptaan kembali dari umat manusia baru. Sementara bagi komunitas lukanian dari Kisah apostolis, kelahiran dari komunitas-Gereja, dipaparkan dalam teks Kisah Para Rasul, bab dua.
Menyangkut Hal ini, saya percayakan pada tugas dari para ahli Kitab Suci untuk memepelajari lebih dalam dan membuat analisis-analisisnya menyangkut elemen-elemen koresponden antara kedua teks dari St. Lukas ini. Saya percaya, pasti akan menjadi suatu bahan yang menarik untuk mendalami Injil Lukas dan Kisah para Rasul.

Mengkontemplasikan pesan
Teks Lukas (Lk 24,13-35), memaparkan suatu situasi krisis, dari keimanan dan kehidupan, yang sementara dialami di komunitas para Rasul dan pengikut-pengikut Yesus: kekecewaan, ketidakpastian, ketidakpercayaan, keputusasaan dan lain-lain. Dari pada tinggal dalam kesesakkan dan mengunci diri dalam kamar, dua orang dari mereka memutuskan untuk keluar ke periferik mencari udara segar agar dapat bernafas dengan baik, untuk mendapatkan kembali suatu kekeuatan, untuk mengembalikan kepercayaan diri, menyalahkan lagi sinar pengharapan agar mampu untuk meneruskan perjalanan. Krisis, sesuai pemahaman dari penulis biblis ini, adalah suatu momen yang tepat untuk perkembangan dan pendewasaan hidup dan iman.
Ada suatu poin lain yang juga disoroti oleh penulis adalah menyangkut ketiga (3) pilar kehidupan dari komunitas-Gereja: Iman, Sabda-Roti Allah yang dibagikan dan Roti dari Sabda kehidupan (komensalitas) yang diredidistribusikan. Yesus adalah landasan yang kokoh dan di atas landasan itulah didirikan ketiga tiang utama dari Gereja. Iman, yang adalah merupakan benang pemersatu yang mengumpulkan umat, Sadba adalah bagaikan air yang memuaskan dahaga bagi jiwa-jiwa dan Roti adalah makanan yang memberikan keteguhan serta kekuatan tubuh-Kenisah dari Roh Allah Trintunggal.
Komunitas-Gereja adalah, menurut Lukas, harus selalu dalam perjalanan, harus bergerak secata terus-menerus (harus selalu dinamis). Komunitas tidak boleh tinggal diam terlalu lama, tidak boleh diliputi ketakutan yang berlebihan karena bila mulai berhenti berjalan, akan musnah. Yesus pernah mendeklarasikan bahwa Ia adalah sumber hidup dari Allah yang ada di dunia dan perkataannya adalah air kehidupan yang mengalir tak henti-hentinya untuk memuaskan secara terus-menerus kehausan dari segala jiwa (cf. Yoh 4,14; 6,36; Why 22,17; juga, Yes 58,11). Komunitas-Gereja bukan hanya sepenuhnya rahkmat Allah, tetapi juga hasil dari segala perjuangan umat manusia, karena itulah mempunyai kelemahan dan kekuatan dalam hidup, mengalami kegembiraan dan kepedihan. Jatuh dan bangun adalah bahagian integral dari perjalanan hidup kita. Yang penting bukannya jatuh atau tidak jatuh dalam hidup kini dan di sini, tetapi apa yang patut dilakukan setelah setiap kejatuhan. Banyak orang memutuskan untuk berhenti berjalan setelah mengalami kejatuhan. Barang siapa yang tak pernah jatuh dalam hidup ini, tidak akan pernah tahu bagaimana harus bangun ketika jatuh. Bagi Lukas, hidup adalah suatu dinamika yang berkelanjutan, suatu perjalanan pulang menuju ke unifikasi yang komunial dan relasi yang kamunikatif (hubungan yang hidup), yang kekal dan abadi, dengan Allah Bapa-maternalis dan Ibu-paternalis dan filialis (Tuhan Tritunggal, Allah komunitas, societas).
Komunitas lukanian menggaris-bawahi betapa pentingnya kehadiran Yesus pós-kematian. Menurut penulis, tidak Ada manfaatnya lagi mencari tubuh (tanda identitas dari Yesus historis) di antara orang-orang mati. Mulai dari saat ini dan seterusnya adalah Roh, Kristus-iman (atau Kristus dari iman) yang paling utama dalam hidup dari para Rasul dan pengikut-pengikutnya.
Iman yang terwujud dalam sharing tentang pengalaman akan Sabda dan dalam saling membagi roti kehidupan dalam perjamuan bersama memiliki kemampuan untuk mengeliminasikan kebutaan hati serta membuka suatu pandangan jiwa yang luas untuk kita mampu menemukan di dalam diri sesama, kehadiran Yesus yang hidup, Kristus-saudara yang berbelaskasih. Dengan demikian, maka semua mereka yang percaya akan Yesus, menyimpan kata-kataNya serta mempraktekkannya dalam hidup, mereka-mereka ini adalah disebut alter Khristus. Itu artinya, bahwa hidup mereka telah dikontaminasikan, telah “dirasuki” oleh Kristus, karena itu bukan mereka lagi yang hidup tetapi Kristus sendirilah yang hidup dalam diri mereka (cf. Gal 2,20). Patutlah diingat bahwa menjadi kristen (menjadi pengikut Kristus) bukanlah karena kepantasan diri melainkan untuk tanggungjawab kehidupan umat manusia dan segala karya penciptaan Tuhan. Perbuatan dan perkataan orang-orang kristen, karena alasan itu, sekiranya mampu menjadi contoh bagi dunia: itu artinya, ada koheren antara apa yang dipercayakan dan apa yang dipraktekkan dalam keseharian hidup (kesetaraan antara iman dan perbuatan), antara kata-kata atau sikap dan tindakkan. Teladan hidup (perkatan dan perbuatan Yesus) adalah merupakan terang yang memantau sikap hidup dan perbuatan dari setiap orang kristen. Ingatlah bahwa Allah dari Yesus Kristus bukannya yang “bermuka dua”: menampilkan raut wajah yang penuh cinta, penuh kesabaran, penuh pengertian dan belaskasih, pada momen yang satu serta pada momen yang lainnya, memapakkan potongan muka yang bengis, yang bersifat menagih, pendendam, agresif lagi kondenatif.
Penginjil Lukas juga menyoroti tentang kinerja (kehadiran yang hidup dan produktif serta penuh tangungjawab) yang primordial dan determinatif dari kaum wanita dalam kehidupan keimanan dari para Rasul dan pengikut-pengikut Yesus di setiap komunitas-Gereja pada awal pembentukkannya. Perlulah diingat pula bahwa dari semua penginjil, hanya Lukaslah yang banyak berbicara tentang kehadiran kaum wanita sejak dalam perjalanan hidup dari Yesus historis maupun dalam kehidupan dari kelompok para Rasul pada era Kristus-iman, bahkan terlebih lagi di saat-saat kritis di awal pembentukan komunitas-komunitas gerejani. Penginjil juga menyoroti antara lain, dua elemen penting untuk suatu kehidupan keimanan yang lebih dinamis, lebih teguh, lebih seimbang, lebih sehat lagi komprehensif: mengetahui dan mengenal (pengetahuan intelektual – dimensi rasionalis – dan pengetahuan faktual atau peng-alam-an konkret – dimensi empiris). Untuk mendapatkan suatu pengetahuan dan pengalaman yang sungguh Baku, dibutuhkan suatu pendengar yang teliti dan pemandangan atau wawasan yang luas lagi dalam. Organ tubuh kita: telinga dan mata, menurut mistik dan spiritualitas penginjil Lukas dalam kontek pemahamannya pewartaannya, adalah meruapakan jalan spiritual menuju ke ruang hati.

Oleh: Lukas Betekeneng

A IGREJA: A FÉ RENASCIDA DA PALAVRA DO PÃO E DO PÃO DA PALAVRA DA VIDA

(Lc 24,13-35)

Recolhendo dados:
(v. 13) Dois discípulos – de Jesus – estão a caminho – de Jerusalém para Emaus.
Anota-se o dinamismo característico do espírito lucano neste texto: centro-periferia-centro ou, aprocimação-distanciamento-reaproximação, ou ainda, parar-movimentar-parar, ou mais, da casa e mesa da traição e confusão-para a casa e mesa da reconciliação-e volta à casa e mesa da reunificação (Jerusalém-Emaus-Jerusalém).
A luz da Palavra do pão que brilha no caminho da vida e que se transforma em pão da palavra na mesa de comunhão fraterna reaviva a certeza da fé, reanima e re-encoraja o espírito na contínua perseverança rumo à vida eterna.
(v. 14) Distância entre Emaus-Jerusalém: 60 estádios (1 estádio = + 200 m, então seria de 12000 m, ou 12 km).
Número 12 é simbólico da totalidade das tribos de Israel.
(vv. 15 e 16) Sinal de cegueira que impede a reconhecer Jesus, caminhando junto deles. (o tempo era do meio dia e de muito calor?)
(v.19) Jesus é crido como profeta poderoso em obra e em palavra, diante de Deus e diante do povo.
(v. 21) Mas também pensaram que ele fosse o Libertador messiânico de Israel.
(vv. 22 e 23) As mulheres que tinham ido bem cedo ao túmulo, e que não tendo encontrado o corpo, “tinham tido uma visão de anjos” que declaram que Jesus está vivo.
(v. 24) Os homens, que também foram para o túmulo e encontraram a mesma situação, mas não viram nada.
(vv.25; 26; 27) A lentidão no crescimento e amadurecimento da fé, mesmo todo o dia lendo a Torá, os Escritos e Profetas.
(v. 29) Pediram a Jesus para não continuasse a sua viagem, mas ficar com eles, pois cai a tarde e o dia já declina (anoitece ou, escurece)
(vv. 30 e 31) Sentaram à mesa e partiram o pão; então seus olhos se abriram e o reconheceram (conhecimento e sabedoria a serviço da vida de fé).
(v. 32) Anamnese (recordação ou, restabelecimento da memória) da experiência do passado recente enquanto estavam no caminho.
(vv. 33; 34; 35) levantaram-se naquela mesma hora e voltaram para Jerusalém (metanoia); reencontraram com os Onze e seus companheiros; reafirmaram a verdade da experiência de vida, constituída na fé que renasce da Palavra do pão e do pão da palavra de vida, que faz a comunidade. Uma observação! Tudo indica que, para a comunidade lucana do Evangelho, este texto relata o nascimento e renascimento da Igreja; isto é, o Pentecostes da comunidade “evangélica”, a recriação da nova humanidade. Enquanto que para a comunidade lucana dos Atos apostólicos, o nascimento da comunidade-Igreja é relatado no livro dos Atos, capítulo dois.
Para este ponto, confio no trabalho dos exegetas que farão seus estudos mais aprofundados, analisando os elementos correspondentes desses dois textos lucanos.
Contemplando a mensagem
O texto lucano (Lc 24, 13-35) nos revela uma situação de crise, de fé e vida, que a comunidade dos discípulos e seguidores de Jesus estão enfrentando: o desespero, a incerteza, a desconfiança, o desânimo, etc. Em vez de ficar se sufocando e trancado no quarto, os dois deles resolveram sair para a periferia em busca do ar fresco para respirar melhor, para retomar as forças, restabelecer a confiança, reacender a esperança para poder continuar caminhando. A crise, na compreensão do autor bíblico, é o momento oportuno para o crescimento e amadurecimento, da vida e fé.
Outro destaque que o autor nos aponta é em relação com os três pilares de vida da comunidade-Igreja: a , a Palavra do pão de Deus partilhado e o Pão da Palavra de vida redistribuída. Jesus é a pedra angular e sobre esta pedra se edifica os três pilares principais da Igreja. A fé é o laço que reúne os fiéis, a Palavra é a água que sacia as almas e o pão é o alimento que fortalece e fortifica o corpo-Templo do Espírito de Deus triuno.
A comunidade-Igreja é, para Lucas, sempre a caminho, em movimento. A comunidade não pode ficar parada muito tempo, não poder ter medo, se parar de caminhar morre. Jesus tem declarado que é fonte da vida de Deus no mundo e sua palavra é a água viva que jorra pela vida inteira para saciar, sem cessar, a sede de todas as almas (cf. Jo 4,14; 6,36; Ap 22,17; também, Is 58,11). A comunidade-Igreja não somente Dom total de Deus, mas também fruto de todo esforço do ser humano por isso tem alto e baixo na vida, tem dias de alegria e também de amargura. O cair e o levantar fazem parte da caminha de vida. O que mais importante não é cair ou não cair no caminho da vida, mas o que se faz depois de cada caída. Muitas pessoas desistem de retomar a sua caminhada depois da caída. Quem nunca cai na vida, não saberá levantar quando cai. Para Lucas, a vida é um contínuo movimento, um grande retorno à plena e eterna união comunial e relação comunicacional com Deus Pai-maternal e Mãe-paternal e filial. 
 A comunidade lucana assinala também a importância da presença de Jesus pós-morte. Para o autor, não adianta procurar o corpo (que é a identidade do Jesus histórico) entre os mortos. Desde agora e em diante é o espírito, o Cristo da fé que vai ser o mais importante na vida dos discípulos e seguidores.
A fé que se realiza na partilha da Palavra e no repartir do pão elimina a cegueira do coração e abre a visão do espírito para podermos enxergar no outro, a presença viva de Jesus, o Cristo irmão misericordioso. Assim, todos aqueles que creem em Jesus, guardam a sua palavra e põe em prática, são o alter Christus. Ser cristão não é mérito e, sim, a responsabilidade. Os atos e ditos dos cristãos devem servir de exemplo: isto é coerente entre aquilo que se crê e se vive, entre aquilo que se fala e se faz. Lembra-se que o Deus de Jesus não é aquele que tem cara dupla: em vez mostra o rosto amoroso, paciente, compreensivo e misericordioso e outra vez o rosto medonho, exigente, vingativo, intolerante e condenatório.
O evangelista Lucas ressalta também o papel primordial e decisivo das mulheres na vida de fé dos discípulos e seguidores na comunidade-Igreja recém-nascida. O autor destaca dois elementos importantes para uma vida de fé mais vibrante, mais sólida, equilibrada, mais dinâmica e mais compreensível: o conhecer e o saber. Para adquirir o conhecimento e a sabedoria (dimensão masculina e feminina de vida da humanidade), requer uma escuta atenta e um olhar profundo. O ouvido e o olhar, segundo Lucas neste contexto, são o caminho espiritual para a sede do coração.

                                                                                    Por: Lucas Betekeneng