(Mc 6,30-34)
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m líder maduro e responsável nunca ter medo de ser criticado e/ou avaliado a sua atuação, tanto quando exerce o papel de liderança quanto como liderado. Uma vida e/ou uma tarefa não revisada (ou, avaliada) nunca atingir sua meta como foi planejada. A revisão é, portanto, uma estratégia metodológica indispensável do trabalho dos líderes maduros e responsáveis nos seus exercícios profissionais em qualquer campo de vida. E mais ainda, quando se trata de tarefa missionária. Visão, ação, revisão e re-ação são, portanto, a chave de sucesso daqueles que querem se realizar profissionalmente. Revisão é importante para avaliar, além da estratégia metodológica aplicada, também analisar os possíveis enganos da visão inicial para poder reelaborar novos planos e novas estratégias mais eficiente, mais adequadas para atingir a meta desejada. A revisão é, portanto, de capital importância para o novo planejamento.
É nesse aspecto de sábia atitude de coordenação de vida e trabalho de liderança responsável que faz com que os evangelistas apresentam Jesus como um líder-pastor como foi anunciado pelos profetas. Como bom líder que tem consciência de responsabilidade preocupa, não somente com a necessidade do povo, mas também com o momento de descanso dos discípulos para poder reabastecer as forças, para avaliar os trabalhos, revisar os projetos e as estratégias e fazer novos planejamentos. A palavra descansar já expressa o modo característico do trabalho de um líder-pastor maduro e responsável (v.34) conforme assinalam o profeta Ezequiel 34,15 e o salmista 22,2 que dizem que o Senhor Deus, que é o verdadeiro Pastor, conduz seus rebanhos para as verdes pastagens para fazer-lhes repousar. Nessa oportunidade de descanso que Jesus quis fazer juntos com os discípulos a revisão da missão onde foram enviados (6,6b-13).
O evangelista fala que os apóstolos (discípulos) querem se reunir com Jesus para contar tudo o que havia feito e ensinado (v. 30). Por causa das pessoas que vieram ao encontro deles, Jesus pediu-lhes para procurar um lugar mais calmo, no outro lado do mar da Galileia, para se descansar. O plano, no entanto, foi percebido pelas pessoas e, então, foram a pé até outro lado da margem antes mesmo da chegada de Jesus e discípulos. Ao ver a multidão correndo atrás deles, Jesus se sentiu comovido porque eram “como ovelhas sem pastor” (Nm 27,17; 1Rs 22,17; Zc 10,12). Não descansou, pois, começou a ensinar-lhes muitas coisas (v.34). O profeta Jeremias tem acusado os líderes – religiosos e políticos – de não cuidaram do povo de maneira adequada como deveria ser, mas de modo artificialmente, enganando-o (cf. Jr 6,14; 8,11). Essa atitude de Jesus de dobrar suas forças, doar seus tempos para saciar a fome e a sede de vida das pessoas necessitadas, representa a atitude de amor incondicional de uma mulher-mãe que se dobra suas forças e se doa por inteira para o bem-estar de vida de seus filhos; e mais, revela a preocupação de Deus que trabalha sem parar por amor do seu povo (cf. Jo 5,17).
Essa atitude de Jesus (a preocupação constante com a necessidade interna do grupo tanto quanto a do povo todo e disponibilidade de se doar) nos desafia diariamente. De que maneira nós nos organizamos nossa vida internamente? Temos coragem e humildade de revisar e re-planejar nossa maneira de liderança? Estamos abertos a aceitar críticas dos outros, ou sentimos ofendidos e humilhados? Estamos dispostos a aprender a escutar a aspiração de todos no trabalho de liderança ou escutar artificialmente impondo as próprias ideias achando como se fosse melhor e mais importante? Uma vida em comum, contudo, governado por uma única pessoa sem a participação dos demais é, sem dúvida, uma ditadura, tirania, feudalismo fora da época.
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BH., 04/02-2012
Lukas Betekeneng
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