(Mc 8,11-13)
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eus é a sensibilidade suprema, isto é, infinita, plena e eterna! Ele não é tanto a razão como se afirma e acredita. Mais que o intelecto racionalizado, ele á a plena e eterna sabedoria sensível, mais do que a racionalização cerebral, é a racionalidade corânica (do coração) afetiva-efetiva, profunda e incondicionada. Com toda sua sensibilidade Deus plasmou do barro homens de grande têmpera. Para tornar-lhes próximo de sua própria imagem e semelhança de vida sensível, decidiu fundir neles o seu próprio espírito. Para fazer-lhes felizes, ele os conduziu pelo caminho com seus conselhos e assentou-lhes, enfim, no jardim de delícias. E quando eles caíram na contradição, ele se sensibilizou e mandou o seu Filho para resgatar-lhes do perigo da morte e conduziu-lhes para a vida pelo caminho da morte cruel de sua própria vida, na cruz, por amor. É essa experiência de fidelidade do amor incondicional que faz nascer no coração dos homens a sensibilidade da sabedoria de vida e fé. E essa fé não necessita de nenhuma razão verificável do intelecto para ser verdade, mas também não a discrimina nem elimina, pois ela (a fé) é uma sabedoria infinita, plena e eterna, uma realidade sensível ao espírito, à racionalidade do coração, como diz o matemático e físico grego, o Arquímedes de Siracusa (287-212 a.C), “de tão profunda a racionalidade do coração que nem com a força da racionalização do intelecto capaz de ser alcançada”. De tão racionalizado o mudo que fez com que a humanidade perdeu, até hoje, a energia vital do seu ser: a sensibilidade afetiva e efetiva. Estamos vivendo em um mundo de muita brutalidade racional sem a sensibilidade da sabedoria afetiva-efetiva. Mundo de muita religião e pouca salvação.
A razão é o fogo avassalador. E o seu calor abrasador ressequiu-lhe a terra, desidrata e plastifica a beleza da vida. A vida racionalizada é a vida plastificada, tem muito brilho, mas sem luz, nem calor, nem aroma e nem a vida. A sensibilidade umedece e aduba o solo com suas gotas de esperança e a chama de sua luz aquece e fortalece o espírito, reanime o entusiasmo, e reaviva a confiança. A racionalização do intelecto está muito no aquém da plenitude do amor e da vida, enquanto que a sensibilidade da sabedoria da fé e vida é infinita e sua força abraça a totalidade da realidade de vida e do amor, e alcança até para o além do incompreensível e inexplicável.
O autor da comunidade-Igreja de Marcos relata uma realidade de conflito entre a razão verificável do intelecto com a sensibilidade da sabedoria da fé e vida. A razão é mais calculativa, procura se exibir para ser vista e acreditada, e no amor prefere satisfazer-se, calculando entre o lucro e o prejuízo. No convívio interrelacional no espaço social exige mais as explicações, uma atrás das outras, do que oferecer as exemplificações da fidelidade de vida e amor. Para o Jesus de Marcos, a exigência da razão verificável dos fariseus e escribas não é compatível com a experiência profunda da sensibilidade da sabedoria de fé e vida. A razão explicativa do homem prende-o no chão feito a galinha, mas a sensibilidade da sabedoria de fá o faz voar no alto céu como a águia, livre como vento.
Por essa razão que Jesus recusou-se de atender as exigências dos fariseus de dar uma prova milagrosa (um sinal do céu) para ser crido e aceito como o Enviado de Deus. Essa exigência da razão verificável apresentada por fariseus, para Marcos, revela uma geração de profunda incredulidade (v.12). E assim, na profunda sensibilidade da sabedoria da vida de fé (deu um suspiro), Jesus lhes demonstra definitivamente sua atitude de não permanecer no aquém-vida racionalizada e partiu para o além, no outro lado da margem. A sensibilidade da sabedoria de fé e vida é a confrontação mais séria de Deus-amor incondicional com o homem racionalizado, como aconteceu no evento-Jesus de Nazaré, o Cristo da fé.
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Lukas Betekeneng
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