quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

VOCÊ É AQUELE QUE SAI DO SEU CORAÇÃO

(Mc 7,14-23)
O

 interior (o coração) do homem, segundo o Jesus de Marcos, é como a única fonte confiável e a medida exata da pureza ou da impureza do seu ser (v. 15). Com essa afirmação, Jesus rejeita não só o código levítico (ou, preceito cultual sacerdotal) de pureza e impureza (cf. Lv 11 – 12; Dt 14,4ss), mas também a formulação geral que se refere a toda classe de impureza moral. A atitude de Jesus nesse discurso vira, realmente, de cabeça para baixo toda a compreensão da Lei do levirato em relação à pureza moral cultual e, ao mesmo tempo, desautoriza a autoridade farisaica em gestão de aplicar tais leis para toda a população como obrigação geral de todo o povo de Israel. Para poder estabelecer a nova maneira de viver as leis em gral, então Jesus precisa chamar a atenção da multidão tanto quanto dos seus discípulos a se esforçarem pela sua compreensão correta. Assim, cada um decide, desde o seu coração, como se comportar diante do amor de Deus e dos homens. Assim, o Salomão tem a sabedoria de Deus que se imprime nos seus ditos e atos, Jesus de Marcos é a própria sabedoria de Deus em pessoa no mundo. A sabedoria divina não aprisiona, é libertadora.
Quem, afinal, eram os fariseus e escribas? Quando é que um pensamento mau pode se tornar pecaminoso? Os fariseus e escribas eram o grupo de homens (o verdadeiro grupo partidário político-religioso) que gozavam da estima popular e que se esforçavam para cumprir à risca a lei de Moisés com o objetivo de atrair o agrado de Deus e se beneficiar das promessas divinas ligadas ao tempo messiânico. Eram eles que faziam as interpretações das leis, estabeleciam as regras pesadas e obrigavam o povo a cumprir. Por esse fato, Jesus chegou a denunciar o grupo, dizendo: “Amarram fardos pesados e os põe sobre os ombros dos homens, mas eles mesmos nem com um dedo se dispõe a movê-los” (Mt 23,4; Lc 11,46).
Devemos entender uma vez por todos que o simples fato de vir à mente um pensamento mau não constitui a culpa de maneira alguma. Esse fato, no meu modo de ver, deve ser entendido no máximo como convite à prática do ilícito, um incentivo ao pecado, uma sedução ou tentação. Todavia, a sedução ou a tentação, por si só, não é pecado. Jesus também foi seduzido e/ou tentado. O pensamento mau torna-se realmente pecaminoso quando: 1º), tomo consciência de que é ilícito na prática aquilo que me veio ao pensamento; 2º), livremente apto por realizar o mal que estou pensando. Querer insistentemente o que me inspira o mau pensamento, já começa a ser pecado de pensamento. Para não se chegar à falta moral, o melhor caminho a seguir é afastar o mau pensamento logo que dele se tornar consciência.
Nossas igrejas também não estão fora dessas práticas superficiais. Fazemos a todo custo para cumprir as leis da hierarquia como se fosse de Deus com o intuito de ganhar o “prêmio” no final da vida. Esse tipo de fé mercantilista é uma fé doentia, mentalidade infantilizada, é a falte de fé, pois manipula a gratuidade do amor salvífico de Deus. Não adianta gritar o tempo todo o nome de Deus-amor enquanto na vida real se pratica a corrupção, a infidelidade, o adultério, as ambições, a inveja, a discriminações, a calúnia, a arrogância, a imoralidade, os assassínios, etc.. Como possível há uma garganta de diversas vozes e numa boca de mil línguas? Você é aquele que você faz do dia a dia de sua vida, tanto para você mesmo quanto para com o próximo, com o cosmos e com Deus. Não é aquilo que entra na sua boca que faz um homem impuro, mas tudo aquilo que sai do seu coração.
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Lukas Betekeneng

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