domingo, 16 de outubro de 2011

A FÉ, ESPERANÇA E CARIDADE: O CAMINHO DE UMA VIDA RESPONSÁVEL, JUSTA E EQUILIBRADA

S
(Is 45,4-6; 1Ts 1,1-5; Mt 22,15-22)
empre há pessoas que optam pelo caminho de vida “mais fácil”, seguindo o seu próprio gosto psíquico que procurar equilibrar a vontade de Deus e o desejo humano. Sempre é mais fácil manipular Deus e suas Palavras-Vida em benefício do bel-prazer do homem que perseverar na paciência, na esperança e na fé em busca do fazer o bem salvífico para o próximo em nome de Deus. Sempre é mais fácil manipular o direito, a liberdade e a justiça de Deus para justificar as práticas da injustiça dos homens egoístas, para defender a libertinagem das pessoas irresponsáveis e para cobrir a atitude de negação escrupulosa dos direitos divinos e humanos dos semelhantes em vista do proveito próprio. Assim, foi o  modo que o ser humano optou e continua optando para viver sua vida como imagem e semelhança de Deus no decorrer de sua história. Mas, por que o ser humano procurar sempre o lucro próprio a custo do prejuízo dos demais? Por que ele sempre tem mania de querer receber tudo de graça sem precisar de um mínimo esforço de sua parte? Por que gosta tanto de fingir da responsabilidade em vez de assumi-la? Por que ele sempre se inclina mais para fazer o mal que o bem? De fato a violência e a maldade não só permanecem desde o primordial, mas também se endurecem e se multiplicam a cada dia nas nossas instituições: sociopolíticas, religiosas, culturais, econômicas e familiares. Realmente o ser humano tem mais prazer de optar passar pela porta bem larga, mesmo sabendo o risco da perdição que a estreita (cf. 7,13). Parece que o ser humano não deu conta de controlar-se, de dominar sua própria animalidade e de superar suas fraquezas e seus impulsos egocêntricos. Não conseguiu fazer o caminho de volta: a humanização do próprio ser como homem-e-mulher-imagem-e-semelhança de Deus. Ou, melhor dizer, o ser humano ainda não conseguiu tornar-se ser humano.
A tarefa principal do ser humano, como humano divinizado e o divino humanizado, é tornar-se um ser misericordioso como seu criador-Deus (Lc 6,36). Isto é, tornar-se cada vez mais virtuoso, mais perseverante, mais amável, mais compreensivo, mais dialogal, mais justo, tolerante e solidário. Somente assim que ele será capaz de procurar amar os homens (o próximo) em Deus e amar a Deus nos homens. O primeiro é amar pelo que a pessoa é, e não pelo que ela tem, respeitando suas diferenças como um ser único e irrepetível: sua maneira de ser, de viver e de relacionar. E, o segundo, é buscar em todas as pessoas (e de toda a criação) aquilo que tem a característica própria de Deus, como as qualidades humanas salvíficas: o amor solidário, o espírito de tolerância, de respeito, de serenidade, de caridade libertadora, de humildade, de reconciliação e inclusão, etc.. Ou seja, procurar os elementos construtivos, aqueles que nos enriquecem, nos unem, nos fortalecem e que nos dão a vida, nos humanizam e edificam, que nos causam a felicidade profunda e duradoura. Para chegar a esse ponto, o caminho é longo e árduo e até, talvez, o mais difícil, mas isso não significa impossível. É preciso de paciência, de confiança, de esperança na perseverança: “Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo” (24,13).
Jesus tem demonstrado tudo isso na sua discussão com seus adversários: os fariseus e herodianos (22,15-22) em uma síntese bem curta: “Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” (v.21). Para o Nazareno, a questão não consiste na liceidade ou iliceidade do pagamento do imposto à autoridade em gestão, mas, primeiramente, na compreensão justa e equilibrada da realidade vivida. E, a segunda, na maturação da consciência, no espírito de bom senso e, acima de tudo, na maturidade-responsabilidade, na conveniência, consistência e na atitude de prudência. É nessa perspectiva que o Apóstolo Paulo estimula o povo tessalonicense relembrando de sua relutância no caminho do bem, quando diz: “Recordamos sem cessar a atuação da vossa fé, o esforço da vossa caridade e a firmeza da vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo” (1Ts 1,3).
Para Jesus, a questão levantada como armadilha pelos adversários já está mais que claro: dá à autoridade em gestão o que a ela compete e devolve a Deus o que lhe é devido (v. 21). Trata-se do reconhecimento prático da dominação do poder tirano e o dever de pagamento de impostos como sua consequência lógica. Portanto, não se trata aqui de simples ato de justiça, mas de lógica consequencial de uma realidade sociopolítica, econômica e cultural/religiosa, de um lado que exige, por outro, um agir mais prudente e consistente, maduro e responsável. O bom senso e o equilíbrio psicoemocional e moral-espiritual são a chave de ouro nesse contexto. Esse é o agir preventivo em vista do bem-estar de vida na sua integralidade. O que adianta querer dominar o mundo enquanto correndo o risco de perder tudo que se tem na mão, inclusive a perda da própria vida (cf. Mc 8,36).
Os cristãos todos são chamados para promover o diálogo maduro e transparente como sua forma cristica de fazer política preventiva, evitando, dessa forma, a violência de todos os sentidos e níveis. Pois acredita que Deus sempre está pronto para agir de sua maneira, até capaz de transformar o inimigo em instrumento de salvação-libertação para com seu povo (cf. Is 45,4-6). Seja coerente e tenha o bom senso, mantenha sempre viva a chama da fé e esperança e não cesse de promover a caridade libertadora para com todos.
_________&&&_________ BH. 14/10-2011
                                              Lukas Betekeneng

Nenhum comentário:

Postar um comentário