segunda-feira, 3 de outubro de 2011

A SEDE DO PODER E DO POSSUIR CAPAZE DE TRANFORMAR UM SER HUMANO EM ANIMAL MAIS VEROZ QUE UM BICHO SELVAGEM

(Mt 21,33-43)
C
omo o evangelho de Mateus é mais eclesial que os outros sinóticos e João, portanto, essa parábola (dos vinhateirios homicidas e perversas) trata, sem dúvida, do castigo designado aos chefes religiosos e políticos do seu tempo. Parece que essa mentalidade virulenta que provoca o sofrimento nos demais pessoas em razão do prazer do ego era tão comum desde o tempo primitivo, e que ainda, não só permanece, mas se endurece até em nossos dias; tanto é verdade que todos os sinóticos (também o evangelho de Tomé) tratam da mesma realidade usando a mesma parábola, com a diferença somente no esquema do relato, um mais breve e os outros, mais longo (cf. Mc 12,1-12; Lc 20,9-19). Assim, a vinha é o povo de Israel (cf. Is 5,1-7) e o dono da vinha é o próprio Deus. Deus tem depositado sua confiança nos chefes religiosos e políticos (também podemos falar dos pais da família em relação aos seus filhos e todos os anciões e lideranças das comunidades e da sociedade como um todo para com seus membros) para cuidar da sua vinha. Os empregados do dono são os profetas e o filho é o Jesus de Nazaré. A conseqüência da rejeição e a crueldade praticada pelos chefes religiosos e políticos contra a vida dos profetas ao longo da história e que tem culminância na crucificação de Jesus na cruz é prenunciada pelo autor da comunidade mateana de maneira assombrosa: a perda do reino celeste (v. 43) que é o direito eletivo da primogenituridade.
A chave de leitura do nosso texto é, entretanto, a rejeição do anúncio da Boa Nova de Jesus de Nazaré até a sua condenação à morte violenta na cruz. Os adversários de Jesus (ou melhor, da comunidade mateana: os chefes religiosos e políticos, como sumos sacerdotes e fariseus) sabem muito bem que, na realidade, essa parábola é diz respeito a eles, no entanto, temem de tomar uma atitude radical contra Jesus, pois muitos dos povos acreditam que Jesus é mais que um grande profeta. Jesus, segundo o autor, está consciente do seu próprio futuro por causa do seu trabalho diante dos poderosos, religiosos tanto quanto políticos. Assim, ele manifesta, não somente o seu futuro trágico como conseqüência de sua missão, mas também sua plena confiança de que é o enviado de Deus para anunciar a Boa Nova da libertação-salvação do Pai para com o povo pobre, oprimido e explorado, manipulado, política e religiosamente pelas autoridades para manter o seu status quo.
A rejeição e a morte cruel de Jesus, politicamente falando, é a derrota humilhante dos seus adversários. Segundo a comunidade marqueana do Evangelho, o próprio Deus. No final da história, vai glorificar o Jesus-Messias de modo muito admirávelmente, através da ressurreição. E os seus autores (aqueles que condenaram e mataram Jesus) serão todos, da mesma medida, julgados e condenados.
O autor da comunidade de Mateus é muito enfático ao decretar o futuro sombrio dos judeus por causa de seu comportamento: “o reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que produzirá frutos” (v.43).  Assim, a partir de agora e em diante o reino é entregue ao cristianismo, segundo o autor, que disposto a acolher o messias Jesus e o seu Evangelho. E assim, nessa parábola que o cristianismo encontrou, mais do que nunca, o motivo mais forte de sua fé em Jesus de Nazaré, o cristo da glória.
O reino de Deus, para o autor, é nasce, cresce e se fortalece muito mais na ortopráxis que na ortodóxas. Dessa forma, o autor quer convocar sua comunidade (convocar todo o cristianismo) para seguir a Jesus comprometidamente na práxis do reino da fraternidade, custo que custar, a exemplo do Guru. E isso exige, sem dúvida, a mudança radical da mentalidade. Mudança do jeito de ser (cf. 18,2; 5,48), de viver e relacionar (cf. 5,3; 11,29), o novo jeito de governar (cf. 20,24-28) e de ver o mundo como o lugar único e privilegiado em que Deus se revela na história da humanidade.
Um outro ponto que o autor deixa transparecer nesse texto-parábola é a declaração do cristianismo como novo povo eleito de Deus (v. 43) e, portanto, é convocado para à fidelidade, o engajamento e comprometimento total do reino esperado. Esse chamado não é por causa do mérito, mas a responsabilidade, não sozinha, mas com o próprio Cristo (cf. 28,20). Essa profecia mateana é também para os chefes religiosos e políticos dos cristãos de hoje, também para os pais da família, os anciões da sociedade e as lideranças no mundo todo. Pois, somos os ramos de um e único tronco da mesma videira (cf. Jo 14,1-8). Dessa forma, quando acontece qualquer coisa com uma geração, todas as outras gerações sentem o efeito cascata (cf. 1Cor 12,26). 
Para concluir, é preciso lembrar, antes de tudo, que o tom violento pregado pelo autor nesse texto não é para provocar a vingança; é a maneira adotada pelo autor para conscientizar os membros de sua comunidade (o cristianismo) sobre sua identidade e responsabilidade do cuidado do reino, diante de Deus e do povo.
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BH. 01-10-2011
Lukas Betekeneng

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