(Lc 12,54-59)
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á duas parábolas neste pequeno texto de Lucas: os sinais do tempo (vv. 54-56) e a reconciliação (v. 58). Na primeira parábola, o Cristo lucano exige da multidão que o segue uma atitude de imediato da tomada de posição e decisão perante sinais-Jesus do novo tempo messiânico que está se manifestando no meio do povo. Assim, ele questiona a lentidão e a incapacidade de seus seguidores provocando-os, dizendo: “Sabeis interpretar o aspecto do céu e da terra. Como é que não sabeis interpretar o tempo presente? Porque não julgais por vós mesmos o que é justo” (vv. 56-57)? E na segunda, exige-se uma postura mais reconciliadora, e um apelo ao espírito de bom senso, à sabedoria popular (cf. Pr 17,14) em prol da paz e harmonia para com todos. Por isso aconselha: “Deveis procurar resolver as desavenças com vossos adversários antes que o caso chegar ao tribunal. Assim, para evitar o sofrimento maior: “Senão ele te entregará ao juiz e, por fim, te jogará na cadeia. Eu te digo, daí, tu não sairás, enquanto não pagares o último centavo” (vv. 58-59). Para fazer tudo isso, é preciso de humildade e maturidade, preciso de coragem e equilíbrio psicoemocional e moral-espiritual. São essas pequenas atitudes, porém de grande efeitos, que estão faltando muito em nossas vidas do dia a dia.
Viver a vida cristã é ficar atento aos sinais dos tempos, reconhecer-se por dentro – as tendências do bem e do mal no próprio ser interior (cf. Rm 7,18-25), desenvolver o equilíbrio e a paciência e procurar ter sempre o bom senso na convivência relacional do dia a dia para com todos em cada espaço social. Isso, também significa crescer, amadurecer e progredir integralmente no caminho de Cristo, rumo a Deus.
Em cada manifestação de vida requer, de cada um de nós, uma atenção crítica, uma análise profunda da realidade à luz da Boa Nova, a consciência madura e o equilíbrio interior para a tomada de uma decisão justa e responsável. Assim, a vida cristã, segundo Lucas, é uma contínua tomada de posição e de decisão. Cada dia é um dia, com suas realidades e sua história. A história não se repete, ela continua a cada dia, pois a vida nunca para. Viver é crescer, amadurecer, progredir e equilibrar-se integralmente. Quem se deixar levar pelo tempo, perde a oportunidade da salvação, hoje, no aqui e agora do cotidiano.
Após dar as instruções aos discípulos, Jesus voltou sua atenção, agora para o público e o advertiu, criticando-o duramente e o chamou de hipócritas (v. 56). Parece que os seus seguidores estão ainda sonolentos, são apáticos e cegos demais, por isso ainda não conseguiram decifrar os sinais do tempo kairótico para torná-lo manifesto na vida concreta. Ainda não tomaram a consciência, a posição e decisão, ainda não desenvolverem suas capacidades e criatividades, pelo contrário, continuam vivendo em um espírito de melancolia, de entreguismo e/ou fatalismo. Para Jesus, os discípulos e seguidores precisam tomar a atitude de imediato antes que do reparável, pois é a última possibilidade. Através dessa parábola, o autor da comunidade lucana quer nos dizer que os cristãos todos devem escutar com atenção e pôr em prática o apelo crístico do mestre Nazareno, procurando promover a reconciliação fraterna como condição da reconciliação com Deus triuno. A vida cristã, ou reinventar “creativamente” com responsabilidade ou, morrer aos poucos. Para sobre viver, é preciso de coragem e “creatividade” para continuar reinventado sem medo para que a graça salvífica continue agindo neste mundo da humanidade. É necessário derrubar o medo do novo e implantar o novo modo de ser, de viver e agir neste novo mundo em mudança acelerada.
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BH. 20/10-2011
Lukas Betekeneng
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