sexta-feira, 18 de novembro de 2011

DO EDIFÍCIO MATERIAL AO EDIFÍCIO ESPIRITUAL

(Lc 19,45-48)
J

erusalém é a meta final da jornada de Jesus lucano desde a Gelileia, mas o templo é o objetivo principal de sua entrada na cidade. No templo que ele foi apresentado pelos pais, reencontrado mais tarde no meio do povo dialogando com os presentes, trocando as sabedorias e os conhecimentos com as pessoas, foi reconhecido e admirado por todos (cf. 2,22-33; 2,41-50). No templo (sinagoga) também que ele se reuniu com os discípulos, seguidores e multidões para orar e adorar a Deus, para escutar a Palavra-Vida e partilhar a reflexão, para anunciar a atuação do Espírito do ABBA-Pai na sua programação missionária da salvação-libertação no mundo (cf. 4,18), por causa de declaração de amor pelo templo como casa de oração e adoração e de ser filho de Deus ele foi preso, julgado e condenado à morte, e morte na lenha da cruz (cf. 22,66-71; Mc 11,15-19; Mt 21,12ss; Jo 2,13ss; Sl 69,10). E no templo que os discípulos se reuniram para rezar e anunciar a Boa-Nova (cf. 24,53; At 2,46; 3,1ss; 5,12).
O templo cuja função como espaço do encontro entre o ser humano entre si e com Deus, como escola de oração, de adoração e de formação de vida mística e espiritual, o símbolo da justa unidade indivisível, tanto na dimensão vertical quanto horizontal, como exteriorização da realidade de vida interior onde reside o Espírito do Criador divino, foi usado como lugar onde se pratica a injustiça e a impunidade ou, covil de ladrões e a divisão dos povos.  Por isso, a entrada no templo, segundo autor da comunidade lucana do Evangelho, é visto como ato de tomada de posse para purificá-lo e, enfim, devolver a sua função original como casa de oração (v. 46). No templo, o evangelista não fala da reação dura de Jesus quando encontrou com a realidade da função do templo como lugar de comércio, mas apresenta um novo elemento: Jesus está no meio do povo, todo o dia, para ensiná-lo.
Assim, o povo (o coração do povo) de Deus é, a partir de agora, o novo espaço de encontro entre o ser humano consigo e entre si e com Deus, o novo lugar de oração e adoração (cf. Mt 6,6). O ser humano como imagem e semelhança de Deus é, em Cristo, confirmado como templo do Espírito Santo criador (cf. 1Cor 6,19), substituindo, dessa maneira, o templo de Jerusalém. O movimento de Jesus supera a crença institucionalizada da religião, enquanto sistema, fazendo passar para a fé religiosa que é a parte de natureza humana divinizada e divina humanizada. O povo é, agora, tem liberdade de se aproximar a Deus, como na palavra de Leonardo Boff, o Pai-maternal e Mãe-paternal e filial.
Como que estamos vivendo a nossa fé? Estamos cuidando o nosso coração como lugar de oração e adoração ou espaço comercial onde se pratica todo o tipo de maldade: a injustiça, a negação do direito e da liberdade, a exclusão das diferenças para manter o status quo, o afastamento do indivíduo comunitário em benefício do individualismo institucionalizado (a prática do poder pelo poder usando e abusando camufladamente atrás da bandeira do serviço). Como estamos tratando o nosso coração, usando-o como lugar onde reside o Espírito da vida ou como quarto onde se planeja a morte, como lugar do bendizer ou de fofoca, de ódio, de desgosto, e de discriminação? Não raramente usamos o nosso coração para a prática do mal em nome de Deus, da religião, da instituição e da lei. É uma verdadeira hipocrisia que devemos repensar, assim, para fazer a religião cada vez mais humana e divina, ao mesmo tempo, mais justo e digno de ser crida e vivida. Tudo isso e, muito mais, é o desafio real para todos aqueles que se chamam de cristãos.
______&&&______ BH., 18/11-2011
Lukas Betekeneng

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