Aviso: Esse texto já foi publicado no dia 29/10-2011, porem tinha algumas falhas técnicas, por isso estamos repostando depois que ser corregido.
Pedimos desculpas pelo acontecido e, obrigado pela compreensão.
(Ml 1,14 – 2,1-2.8-10; 1Ts 2,7-9.13; Mt 23,1-12)
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a primeira leitura, o profeta Malaquias (mal’akî = o mensageiro do Senhor, + 439 a.C) repreende os sacerdotes pelo seu comportamento inadequado com o papel que eles exercem: a corrupção ética e moral profissional e espiritual, a discriminação e desonestidade contra o princípio da fraternidade (vv. 9-10). Como se isso não bastasse, o profeta ainda faz uma alerta bem forte contra esse grupo de autoridades religiosas dizendo que, se não tomarem providências imediatas e mudarem de atitudes de vida, o Senhor Deus transformará sua bênção em maldição (v.2). De fato, a corrupção corrói todas as células de vida físico-material tanto quanto ética e moral-espiritual e cultural em todas as camadas sociais, desde a vida pessoal e profissional e, infiltra até para dentro do ambiente institucionais como: sociopolítico, econômico, cultural/religioso e familiar. A corrupção não é outra coisa senão a deterioração do estado de saúde mental e moral social e espiritual. Esse vírus, que ataca nas células de vida ética profissional e moral cultural e religiosa, só pode ser combatido por dentro da própria alma, pelo meio de reeducação da mentalidade cultural, familiar e social.
São Paulo, através de sua carta aos cristãos de Roma, ressalta, contrariamente, a virtude da ternura maternal dos apóstolos como elemento decisivo no discernimento da evangelização, que possibilita o processo de crescimento equilibrado e da maturação sadia da vida de fé dos povos da terra (v.8). A ternura é uma qualidade ou condição do Espírito afetuoso do divino que branda em nossa alma. Evoca a ideia de algo mórbido, desprovido de rigidez e que tem característica de maior dinamicidade. O adjetivo “terno” implica e, ao mesmo tempo, supõe uma atitude que norteia para uma saída de si (do eu egóico) rumo ao encontro do diferente (do tu, que é o meu outro “eu” fora de mim). Essa ternura que vai se opõe com dois desafios, também internos bem difusos, como: retraimento sobre si ou auto-exclusão e o endurecimento do coração ou, insensibilidade (grosseria, descortesia). O ser humano afetuoso é aquele que demonstra o espírito de respeito, de tolerância, de solidariedade, de compreensão, de diálogo, de grande flexibilidade, de escuta atenta; é aquele que capaz de ceder o lugar para o outro, de reconhecer o outro como outro diferente.
Esse elemento, na Igreja histórica (pós-apostólica e patrística) foi deixado de fora do trabalho da evangelização, foi substituído pela mentalidade de superioridade, de arrogância, de opressão e submissão, de violência, de desrespeito, de desvalorização e destruição das culturas evangelizadas praticados pelos missionários europeus durante séculos. Não foi exatamente uma evangelização quanto tal, mas foi uma colonização e abusos de direito e da justiça, da liberdade e dignidade, abusos dos valores culturais dos povos com bandeira da Boa Nova. Só hoje que a sociedade toma coragem de denunciar toda essa crueldade, tanto contra a instituição política e familiar quanto eclesiásticas. E o papel de comunicação foi decisivo nesse ponto. Os resquícios dessa mentalidade ainda permanecem dentro e fora da Igreja e no mundo até hoje.
Para evitar o pior, Jesus mateano faz observações sérias para seus seguidores e discípulos (que na prática, o autor da comunidade mateana se dirige aos grupos judaizantes de sua igreja). Mesmo que Jesus já tinha sido contestada as doutrinas rabínicas (cf. 15,14; 16,12) desta vez surpreendeu o público com a solicitação para que os discípulos e seguidores devam ouvir amplamente os ensinamentos dos mestres da lei e dos fariseus e ponham em prática, porem não imitem as suas práxis (suas mentalidades e comportamentos ou, condutas de arrogâncias, de superioridades, de intolerâncias e discriminações). Por isso diz: “Deveis fazer e observar tudo o que eles dizem. Mas não imiteis suas ações. Pois eles falam e não praticam” (v.3).
Pessoas arrogantes não conseguem enxergar nem capaz de reconhecer seus erros. E mais ainda quando estão no poder, se fazem como se fosse um deusinho, de tão sagrado que ninguém pode fazer criticas nem reclamar. Essa mentalidade continua persistindo, infelizmente, dentro da Igreja até o dia de hoje, aqui e acolá. Jesus quer que os seus discípulos e seguidores tenham uma nova mentalidade: humildade de coração e simplicidade de espírito. Ele quer que os seguidores todos consigam fazer passar de um coração de pedra para um coração de carne (cf. Ez 36,26). Isso é nascer de novo, uma autoparturição, um dar à luz a si mesmo, uma transformação do espírito, uma mudança de conduta (cf. Jo 3,5). Jesus quer ume mentalidade renovada por isso interpela, não somente à razão, mas também, e principalmente, ao coração (e por que não à emoção) para adotar uma nova postura de vida diante dos sacerdotes e fariseus.
No final de suas observações, interpelações e advertências, o Jesus de Mateus lança o seu projeto original, um novo paradigma de vida de fé crística como programa de vida do discipulado: a fraternidade mundial (cf. 28,19-20). Para Jesus, o mundo novo será possível na medida em que os discípulos e seguidores consigam testemunhar na prática cotidiana com maior empenho e em um novo espírito e uma nova maneira de viver a fé: a humildade e simplicidade como caminho necessário para a edificação da fraternidade (vv. 5-11). É uma nova maneira de experienciar o amor de Deus como amigo/irmão (o amor philia). Isso não significa a exclusão das duas outras experiências anteriores (amor agápico e amor erótico), mas a superação delas. Jesus quer, com esse projeto de vida, superar a mentalidade opressora de uma sociedade paternalista e machista, excludente e revanchista discriminatória, colonizadora e exploradora. Jesus sonha com um novo Israel cuja mentalidade renovada, uma nova sociedade de fraternidade para superar trauma causado pelo abuso do poder religioso, político, econômico, tanto quanto, social, cultural e familiar. Quer um povo unido na harmonia verdadeira e na paz profunda que se imprime no novo jeito de ser, de viver e de relacionar entre homem e mulher. Jesus quer que os discípulos e seguidores, com seu modo novo de ser e viver, superam a mentalidade clientelista e infantilista das autoridades religiosas e estatais, superar o comportamento opressor, discriminatório e colonizador do pai-patrão e marido-explorador. Para isso, é preciso de novo espírito de humildade e simplicidade, de terna afeição e reconciliação, a não de exibicionismo e nem de arrogância. Que esse projeto de Cristo seja abraçado e assumido por todos aqueles que se chamam de cristãos.
_________&&&_________ Lukas Betekeneng
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